Notas de campanha (6)

1. Está reaberto o concurso mediático de nomes para a "sucessão" de Jerónimo de Sousa. Mediáticos de preferência, pede a imprensa. Por muito que o próprio e outros dirigentes insistam que a questão da substituição do secretário-geral não está sobre a mesa, a candente questão atormenta noticiaristas e comentadores. Caso para perguntar se tamanha obsessão pelo tema não servirá de desculpa para continuar a desvalorizar as propostas e realizações do PCP.

2. Contacto com a população na Maia. No estendal improvisado num terreno frente ao bairro, uma senhora observa, interessada, documento de propaganda que lhe entregamos, de repente a disputar a atenção que prestava à bacia de roupa da sua tarefa matinal. Vamos ver se mudamos as coisas? "Não vejo jeito", duvida. "Mas haja esperança!" E força, por isso é necessário votar. "Aí eu não falho!" E prosseguiu a lida, animada pelo sol. 

3. Contacto com trabalhadores junto de empresas. Em geral, a aceitação da propaganda da CDU  - entre a simpatia e as manifestações de apreço - é gratificante. "Então acha que devo levar?", brinca uma operária. Claro, para conhecer as nossas propostas, os nossos candidatos, esclarecer dúvidas... "É sempre bom conhecer. Mas olhe que eu já me decidi!" - e pisca o olho. 

4. Se os leitores supõem que o grau de rejeição da propaganda da CDU é directamente proporcional à cilindrada das máquinas conduzidas pelas pessoas que contactamos à porta das empresas, estou em condições de assegurar, ao cabo de já não sei quantas acções de distribuição, que não é necessariamente assim. Ainda hoje vários tripulantes de carros bem aparelhados (gestores?, quadros superiores?, quadros técnicos?...) começaram a abrir o vidro ainda à distância, pararam e aceitaram os desdobráveis com sorrisos amáveis.

5. Importante debate entre João Oliveira, líder parlamentar e membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, e Rui Rio, presidente do PSD, esta noite, na SIC. Duas ou três ideias a reter desde já:
 
- "Os salários acima do salário mínimo não aumentaram porque as propostas que havia para isso foram rejeitadas pelo PS mas também pelo PSD", afirmou João Oliveira. Entre a mesma coisa que são PS e PSD, a alternativa é a CDU. 

- É tão claro que o PS pretendia e por isso precipitou as eleições que, em plena pandemia, o Governo recusou todas as propostas de reforço e defesa do Serviço Nacional de Saúde.

- Rui Rio deixou claro que o PSD no Governo faria o mesmo que o PS: rejeitaria as propostas do PCP para resolver os problemas do país e que, designadamente, não aumentaria os salários e as pensões. Ou seja, quem quiser ver resolvidos os problemas do SNS, de salários e habitação não conte nem com o PS nem com o PSD.

- Ficou também claro que o PSD tem como prioridade aliviar os impostos sobre os grandes grupos económicos: quando teve oportunidade, chumbou, com o PS, a proposta do PCP de reduzir a carga fiscal sobre as micro, pequenas e médias empresas.

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