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A mostrar mensagens de abril, 2023

Até à próxima, meu querido e único Valdez!

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Vou de regresso, depois de despedir-me do Fernando Valdez. Está um belo dia de sol de Primavera, belo como o Valdez merecia, embora lhe fosse alérgico. Despedimo-nos todos em silêncio, um silêncio fraterno, no Cemitério do Alto de S. João, corrompido apenas pelo teimoso ruído do mecanismo que conduz ao crematório (há quantos anos está por reparar?!), comovidos e tristes: a família (ah! Como o Valdez amava a família!), e os camaradas, os do Jornalismo e os do Partido. Entre íntimos, erguemos depois um copo em honra do Valdez; e outros ainda à galeria dos nossos mortos; e ainda um outro, final, à liberdade - como o Valdez e o Oscar Mascarenhas nos ensinaram a amar. Depois, almocei nas calmas uns secretos de porco preto, como se tivesse o Valdez diante de mim, entre garfadas dolentes de comida alentejana, em interminável conversa. Agora me ocorre o quanto demoravam as despedidas sempre que nos telefonávamos. Até à próxima, meu querido e único Valdez!

Fernando Valdez, o meu chato bom

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Quando o telemóvel tocava e surgia no ecrã o número do Fernando Valdez, nem sempre o atendia de imediato. Acontecia geralmente porque, em função de afazeres ou constrangimentos de oportunidade, sabia que não poderia conceder-lhe o tempo de que necessitaríamos para conversar, nem obter para mim o prazer dessa conversa. De modo que, à melhor oportunidade, devolvia-lhe a chamada. Às 08:36 de ontem, o telefone tocou. Estranhei a hora, porque, a menos que estivéssemos empenhados nalguma tarefa mais “urgente”, não era habitual. Por outro lado, estava de saída para compromissos com hora marcada, que não poderia cumprir se o atendesse. De modo que, mais uma vez, adiei. Uns 20 minutos depois, o telefone tocou outra vez. No ecrã, um número desconhecido. Do outro lado, a notícia que me deixou agarrado ao chão, surpreso, chocado e muito triste: a morte tinha-nos roubado o Fernando Valdez. O Valdez, com uma saúde de ferro? Uma pneumonia traidora… O Valdez era um homem bom e um homem bondoso,

Não, a Ucrânia não deve entrar na NATO

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O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, no acrónimo em Inglês), Jens Stoltenberg, fez hoje uma visita, dita de surpresa, a Kiev, onde reiterou de forma bastante enfática o apoio da entrada da Ucrânia na aliança militar liderada pelos Estados Unidos da América. “O lugar que cabe à Ucrânia está na NATO e, com o tempo, o nosso apoio ajudar-vos-á a torná-lo possível”, declarou Stoltenberg, que cumpriu uma série de rituais próprios das grandes visitas oficiais, incluindo a deslocação a locais simbólicos da guerra e a deposição se flores e homenagem aos mortos. A afirmação do secretário-geral da NATO confirma o empenhamento da NATO e dos seus membros, já traduzido numa “ajuda” estimada em 150 mil milhões de euros, 65 mil milhões dos quais em apoio militar, no conflito e sobretudo no propósito declarado – e partilhado pela União Europeia – de esmagar a Rússia. Confirma-se também o aprofundamento da internacionalização do conflito – agora por procuração e s

Tende calma, rapazes

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  Anda tanta gente exaltada com a próxima visita do Presidente da República Federativa do Brasil a Portugal que até uma tal de associação dos ucranianos tem posição sobre o assunto e o Presidente da República portuguesa achou melhor descansar os jornalistas portugueses, afiançando-lhes que vai “explicar” a posição portuguesa sobre a situação a Ucrânia. Respire fundo, senhor Presidente. Não vai ter de maçar-se: não parece crível que Lula da Silva vá aproveitar a sua passagem por Portugal para, nas suas intervenções e por sua iniciativa, aludir a um problema que, certamente, está longe dos temas que programa tratar com Portugal e aflige desmesuradamente quem tem o poder real de influenciar o espaço público e de desassossegar a boa gente que somos. Mas haverá perguntas de jornalistas sobre o assunto? Sim, é mais que provável. A guerrilha da extrema-direita que tanto estimula as glândulas da matilha, digamos, jornalística e a súbita necessidade do PSD buscar um protagonismo patusco lá

Sobre a guerrilha contra a visita de Lula da Silva

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Com um esforço de polimento, o PSD está a competir com a extrema-direita na guerrilha contra a visita a Portugal, na próxima semana, do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, beneficiando ambos de generoso espaço nos media , que aliás alimentam a chama. O Chega ameaça realizar “a maior manifestação de sempre” contra a presença de um chefe de Estado de visita a Portugal. Diz o suficiente do seu espírito e da sua prática. E por aqui deveríamos ficar. Dar-lhe corda só piora as coisas. O PSD, que pelos vistos faz juras de não se aliar ao dito-cujo, não se coíbe de alimentar por outra via a hostilidade aberta contra um chefe de Estado de um país soberano e, além do mais, amigo de Portugal. O líder do PSD e os seus ajudantes – coadjuvados pelos media do consenso “ocidental” sobre situação na Ucrânia – estão a colocar em debate (ou a impor a sua visão?...) as chamadas “posições” de Lula da Silva Ora, em síntese, Lula tem afirmado muito justamente que é urgente a contenção d

A quem não pertence o 25 de Abril

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"Abril não pertence àqueles que nunca o fizeram e sobretudo àqueles que fazem tudo para o combater." Paulo Raimundo, no almoço regional do Porto do PCP comemorativo do 25 de Abril.  

Macron pela calada da noite

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Escondido na penumbra da madrugada (eram quatro da manhã locais), o presidente francês, Emmanuel Macron, promulgou a controversa lei da chamada reforma das pensões. Tinha 15 dias para fazê-lo, mas optou por atuar já, pela calada da noite. O facto em si mesmo reveste um significado de indiscutível gravidade, do ponto de vista da prática democrática.  Premonitoriamente, o secretário-geral do Partido Comunista Francês (PCF), Fabien Roussel, bem apelara, ontem ao fim da tarde, para que o presidente não promulgasse a lei nas 48 horas seguintes ao pronunciamento do Conselho Constitucional. Seria "uma humilhação", disse. Os franceses estão a reagir em massa nas ruas e a cólera está em crescendo. Num país cujo governo abusa dos poderes e da força policial, a situação vai agravar-se. O problema é que a disrupção social em curso acelerado poderá abrir ainda mais o campo à extrema-direita.

O macaco que sabe fazer notícias não fez o jornal "i"

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O meu estimado amigo, investigador, professor universitário e ex-jornalista Rui Pereira costuma comentar, com muita graça e certo acerto, que “a técnica da notícia é uma coisa que qualquer macaco aprende em 15 minutos”, pois “Jornalismo é outra coisa”. Socorro-me deste arrimo de memória a propósito de uma aventura editorial a que o jornal i (ainda é assim que se grafa?) pôs hoje corajosos ombros: a façanha de produzir “o primeiro jornal do mundo feito (quase) sem intervenção humana”. Assim mesmo. E o parêntesis é do i , não meu. Dá-se o caso de o jornal, obra de 32 páginas, ter sido escrito - garante a editora - por um tal “ChatGTP”. A edição não insere qualquer nota editorial feita por gente que explique tamanho disparate em gasto de papel e sacrifício inútil de não sei quantas árvores. Mas... Se o propósito era mostrar que, se alguém na empresa anda a pensar substituir jornalistas de carne e osso por essa coisa da inteligência artificial, tem nesta edição provas sobejas para d

A cada um a sua Páscoa

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  Photo by Anadolu Agency photojournalist Mustafa Hassona Certa vez, despedindo-me de um vereador de uma importante câmara municipal, a quem telefonara para recolher informações e declarações, como fosse, creio, quinta-feira de Semana Santa, o autarca, conhecendo as minhas convicções ideológicas, atalhou: “Suponho que para si não tenha importância, mas desejo-lhe uma boa Páscoa”. Como sou educado, não comentei o despropósito, mas agradeci e retribui. Vem-me isto agora à memória, a propósito de entradas que tenho lido no Facebook. “Para os centres e não crentes, Boa Páscoa!”. É um exemplo, porque há variações, umas genuínas e sinceras, outras com um cheiro um pouco rançoso de presunção de superioridade “espiritual”, como que a demarcar fronteiras entre os que são, os que não são. Independentemente dos significados que cada um de nós atribui a este momento do calendário litúrgico, nomeadamente católico, mas não só, talvez seja útil começar por ter em conta um elemento de análise esse

Sobre o novo alargamento da NATO: quem semeia ventos...

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Hoje, foi hasteada a bandeira da Finlândia (foto: NATO)  Setenta e quatro anos a sua fundação, então com 12 membros, em 4 de Abril de 1949 , a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN, ou NATO, no acrónimo em Inglês), recebeu hoje o seu 31.º estado-membro, nada menos do que a Finlândia. O novo e dramático alargamento da NATO foi celebrado, tanto pelas chancelarias da "nova ordem" pró-americana como pela imprensa dominante, como "acontecimento histórico", contribuindo, porém, para adensar um clima de beligerância e de ameaça que perturba profundamente o cada vez mais frágil equilíbrio. Subjacente ao novo alargamento da NATO, que falta completar com a entrada da Suécia, estão dois objectivos perigosíssimos para a humanidade e o seu futuro: o do aperto do efectivo cerco à Federação Russa e, a prazo, o seu "esmagamento", para usar a expressão tão cara ao alto responsável da União Europeia para a política externa, Josep Borrel. Mas não esqueçam o velho d

Desfile "Mais Força aos Trabalhadores" - é já amanhã!

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No quadro de  de­sen­vol­vi­mento da luta geral dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções, a Organização Regional do Porto do Partido Comunista Português promove, amanhã, dia 5, pelas 18 horas, o desfile "Mais força aos trabalhadores", com concentração inicial na Praça da Batalha.  A iniciativa afirma a intervenção do PCP e dos seus militantes, cada vez com maior in­ten­si­dade, ao lado dos tra­ba­lha­dores, dos utentes, das po­pu­la­ções, nas lutas por me­lhores con­di­ções de tra­balho e de vida, em de­fesa dos ser­viços pú­blicos, pela rup­tura com a po­lí­tica de di­reita que o Go­verno do PS de mai­oria ab­so­luta teima em pros­se­guir, com o apoio do PSD, CDS, Chega, IL e Pre­si­dente da Re­pú­blica, pela con­cre­ti­zação da po­lí­tica al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda que se torna im­pres­cin­dível ao de­sen­vol­vi­mento so­be­rano do País.