Sobre a guerrilha contra a visita de Lula da Silva
Com um esforço de polimento, o PSD está a competir com a extrema-direita na guerrilha contra a visita a Portugal, na próxima semana, do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, beneficiando ambos de generoso espaço nos media, que aliás alimentam a chama.
O Chega ameaça realizar “a maior manifestação
de sempre” contra a presença de um chefe de Estado de visita a Portugal. Diz o
suficiente do seu espírito e da sua prática. E por aqui deveríamos ficar. Dar-lhe
corda só piora as coisas.
O PSD, que pelos vistos faz juras
de não se aliar ao dito-cujo, não se coíbe de alimentar por outra via a
hostilidade aberta contra um chefe de Estado de um país soberano e, além do
mais, amigo de Portugal.
O líder do PSD e os seus
ajudantes – coadjuvados pelos media do consenso “ocidental” sobre situação
na Ucrânia – estão a colocar em debate (ou a impor a sua visão?...) as chamadas
“posições” de Lula da Silva
Ora, em síntese, Lula tem
afirmado muito justamente que é urgente a contenção dos Estados Unidos e da
NATO, mas também da União Europeia, para que parem de alimentar a fogueira da
guerra e, sobretudo, para que introduzam na sua retórica a palavra paz.
A posição de Lula, ao contrário
que se se lê e se ouve nos noticiários (os comentários adoptam outros requintes
de manipulação…), não é nada ambígua. Tão-pouco expressa “cumplicidade” com
Putin, como acusam os dirigentes e porta-vozes (formais e informais) da direita
e da extrema-direita.
A hostilização a Lula da Silva foi
ao ponto de, na tele-homilia deste domingo, o social-democrata que enverga as
vestes de comentador da SIC, vir dizer que o Presidente da República
Portuguesa, o primeiro-ministro português e o presidente da Assembleia da
República terem de “explicar” ao chefe de um Estado soberano que nos vai
visitar dentro de dias o que está a acontecer na Ucrânia.