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A mostrar mensagens de junho, 2020

Diário Off (25)

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TAP – Diz o primeiro-ministro que a resolução do futuro da transportadora aérea nacional está “por horas”, rezam os media que a resolução está bloqueada. Ou há acordo oh há nacionalização, mas a direita quer é que o Estado injecte dinheiro e deixe o marfim correr para os privados. A TAP não deveria ter sido privatizada e não há arremedo de solução: se o país quer uma companhia aérea de bandeira ao serviço do seu desenvolvimento e com o Estado a sustentá-la ou a garanti-la, tem de garantir o efectivo controlo público, com todas as consequências.   Benfica – O Jornal da Tarde da RTP gastou cerca de 20 minutos com a questão da saída do treinador do Benfica. Não sei que critérios segue o Serviço Público de Televisão para gastar tanto tempo com tal assunto, mas receio que de jornalísticos tenham pouco. Declaração de interesses: não tenho interesse nenhum em relação a nenhum clube de futebol e tenho, sim, em conhecer mais do que se passa no país e no mundo e que a RTP poder

Diário Off (24)

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No que aos transportes públicos colectivos diz respeito, tenho uma dúvida. Não é metafísica, é geométrica: qual é a distância social mínima garantida pelos operadores de ligações urbanas e suburbanas? Proclama o pivô do telejornal da hora do almoço que o Estado e os accionistas privados da TAP estão à beira de entender-se para a injecção de capital do estado na empresa. Diz que haverá acordo para evitar a nacionalização. Nem era necessário: o bloco central já tinha decidido que não haverá. Diz o pivô que a indústria têxtil está em dificuldades porque o mercado internacional está refractário às máscaras lusas de prevenção do coronavírus responsável pela Covid-19. Pelos vistos não é só o internacional. Ainda esta manhã tive de fornecer-me numa loja de uma conhecida cadeia de supermercados que tinha feito um acordo com uma marca têxtil.  Se não vi mal, de produto português, nem a sua marca estava à venda… Diz a Organização Mundial de Saúde que o pior da pandemia de C

Diário Off (23)

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Passam hoje 75 anos sobre a adopção, em S. Francisco, Estados Unidos da América, da Carta das Nações Unidas , consequência de extraordinária importância da derrota sobre o nazi-fascismo, ocorrida mais de um mês antes (9 de Maio), no final da Conferência das Organizações Unidas para a Organização Internacional. Assinada pelos representantes de 50 países, a Carta é um precioso legado de princípios e de compromissos em ordem a “preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra”, a reafirmar a “fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações, grandes e pequenas”, como se pode ler, à giza de síntese, no seu preâmbulo. Três quartos de século volvidos, muito há a cumprir e a respeitar dos compromissos históricos – e com a História – então assumidos. Recrudescem atentados permanentes à soberania dos povos, intensificam-se a retórica belicista, a escalada militarista (os Es

Vandalismo passional e transparente

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Praça da República, Porto, Junho de 2020

Diário Off (22)

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O ex-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos John Bolton continua a fazer “revelações” sobre o seu estreito convívio com a figura que ocupa a presidência dos EUA, que sabíamos ser tosca e que ele aparentemente procura ridicularizar a depreciar ainda mais, num livro que há-de chegar às livrarias de todo o mundo. É necessário cuidado com as ilusões sobre as revelações e as expectativas que o lançamento está a criar: não é por desdenhar de Donald Trump para gáudio da imprensa desatenta e dos consumidores da literatura do género que Bolton deixa de ser um perigoso falcão belicista que a extrema-direita colocou a controlar o presidente e que não deixará de atribuir-lhe outras tarefas. Reina no mundo mediático e nos círculos da direita grande excitação com a possibilidade de virem a ser impostas uma cerca sanitária a Reguengos de Monzaraz e à Área Metropolitana de Lisboa, com o presidente da Câmara de Ovar a reclamá-la com um discurso de tal maneira revanchista que

Diário Off (21)

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O chamado incêndio de Pedrógão Grande (a ignição inicial registou-se em Escalos Fundeiros, neste concelho, mas o fogo percorreu também Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis, Pampilhosa da Serra e Sertã) , ocorreu há três anos, passam hoje. O poder político, com o Presidente da República à cabeça, e os media assinalam a efeméride. Seguramente a memória fresca da ocorrência e a força dramática nunca vista (66 vítimas mortais, mais de 250 feridos, centenas de casas destruídas, 53 mil hectares de espaços florestais e agrícolas percorridos pelo fogo, dezenas de empresas atingidas, centenas de trabalhadores afectados) justificam a atenção dada ao tema. Ano após ano, tragédia após tragédia, há um ror de promessas por cumprir e um enorme rol de asneiras por corrigir no ordenamento do território, no ordenamento florestal e rural, na prevenção efectiva dos fogos e na organização do combate. A União Europeia está disposta a financiar a fase inicial – a que encerra maio

Diário Off (20)

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Ainda não são nove da manhã e o controlador de estacionamento já está de plantão diante da máquina emissora dos papelinhos dos parcómetros e a treinar o olhar de lince. O trânsito de máquinas é escasso neste instante e há-de permanecer assim todo o dia. É assim hoje, foi ontem. Os automóveis tardam a reocupar a cidade. A reactivação da cobrança do chamado estacionamento limitado, verificada há um mês, ainda o Porto estava vazio, confirma a suspeita de que é apenas mais uma fonte de rendas para o Município (e para os concessionários...) do que um instrumento de dissuasão do tráfego rodoviário por razões ambientais. O país anda atarantado com a espantosa história do Novo Banco, o tal que era o banco bom mas que afinal saiu pior do que a encomenda. Dizem as notícias que o Estado Português está obrigado a injectar nele o dinheiro que for necessário para suprir falhas induzidas por “circunstâncias de extrema necessidade”, segundo revela o diário Público . Há pandemias muito co

Diário Off (19)

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Desconfinamento. Há algo de estranho a acontecer nas relações de amizade e até afectivas, reféns das regras sanitárias. Dizem-nos que se impõem para que nos protejamos uns aos outros e uns dos outros. Parece-me que a segunda parte da afirmação é a percebida por todos. Também por isso não ficou, e talvez não venha a ficar, tudo bem para muitos de nós. Ontem, um amigo contou-me sobre um amigo com quem se cruzara na rua, momentos antes. “Posso cumprimentar-te? E dar-te um abraço?”, perguntou-lhe ele. O outro ficou embaraçado. Ainda hoje senti isso, ao reencontrar-me com amigos que não via há largos meses, para o nosso almoço periódico sujeito a um longo interregno sanitário. Estará a banalização do medo do outro, do risco eventual que comporte, a testar os limites da nossa amizade e até dos nossos afectos? Sucede também com filhos, netos… Que consequências terão esta subtracção de gestos, esta sonegação de abraços e beijos, esta mudança radical até na “etiqueta” familiar?

Diário Off (18)

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As iniciativas do PCP continuam a incomodar muito. Dizem que a Polícia tem o comício do próximo domingo (Lisboa, às 17 horas, no Alto do Parque Eduardo VII) debaixo de olho, por causa das regras sanitárias devidas à pandemia de Covid-19. Não sabemos se serão os mesmos agentes que estiveram no concerto no Campo Pequeno.   O jornal “Avante!” noticia que as jornadas de trabalho de construção da Festa do “Avante!” começam, depois de amanhã, com cuidados sanitários redobrados e organização das tarefas e de procedimentos adequados ao contexto. Está prometido o patrulhamento zeloso pelos media e o esquadrinhamento de todos os cantos da Atalaia. A Comissão de Assuntos Constitucionais começou a apreciar uma petição para legalizar a exploração da prostituição e de toda a sorte de violências e humilhações exercidas especialmente contra mulheres, elevando o proxenetismo à categoria de actividade económica. Dizem que é para defender “os direitos” das pessoas prostituídas e a “lib

Diário Off (17)

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Já é oficial, o Prof. Doutor António Costa Silva, professor do Instituto Superior Técnico e presidente da Comissão Executiva da Partex, está encarregado de “assegurar a coordenação dos trabalhos preparatórios de elaboração do Programa de Recuperação Económica e Social 2020-2030”, e, segundo reza o despacho de nomeação , “não aufere qualquer remuneração ou abono”. A nomeação do chefe do plano decenal foi assunto no debate quinzenal com o primeiro-ministro, que justificou a necessidade de um suporte técnico para as decisões políticas que o Governo vai ter de tomar. Não se percebe tamanho alarido com esta nomeação, porque é natural que os decisores políticos tomem decisões informadas tecnicamente. A menos que se pretenda entregar as decisões de facto a tecnocratas, para as travestir, depois, de decisões políticas de quem tem poder de direito para as tomar. A circunstância de o assessor especial para o plano decenal de António Costa não ser remunerado nem receber quaisq

Diário Off (16)

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António Costa e Silva. Fixemos o nome na exacta medida da necessidade real. É o gestor (presidente da petrolífera Partex ) convidado pelo primeiro-ministro para elaborar a proposta de plano de recuperação económica em dez anos. Diz que a encomenda se destina ao Governo e à sociedade civil e que não vai negociar nem reunir-se com partidos políticos. Faz muito bem em reunir-se com partidos políticos, porque não lhe cabe. Os dirigentes políticos reúnem-se com o primeiro-ministro e/ou outros ministros, não com os assessores, ou consultores, ou o que quer que o senhor seja. Só não se percebe por que razões os media e certas “fontes” e figuras partidárias começaram a dar gás ao assunto do “paraministro” e a desatar a perguntar a líderes partidários se vão reunir-se com ele. O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, diz que o Governo vai continuar a estender a mão ao patronato, diz ele que para proteger o emprego. Tanto que haverá uma “nova versão” do regime de lay-off par

A pequena Mona Lisa de Mossul não é síria

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Está a ser publicada em alguns perfis no Facebook a imagem de uma menina chorando. A explicar a fotografia, a legenda informa : “ Um fotógrafo pediu a uma menina na Síria para sorrir para a câmara... O resultado foi este”. A verdade é que nem a menina é síria nem a fotografia é recente e tão-pouco terá sido convidada a “sorrir para a câmara”, segundo uma verificação da Agência France Presse , data de 16 de Março de 2017. E, não, não se trata de uma vítima “das tropas do regime de Assad”, mas de uma criança cuja família fugia de bombardeamentos em Mossul, no… Iraque.

Diário Off (15)

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Prosseguem em muitas cidades norte-americanas as manifestações de protesto pelo assassínio brutal de George Floyde, em Minneapolis, há uma semana. Donald Trump, anteontem foi recolhido, muito acagaçado, no bunker da Casa Branca, continua a acirrar polícias, militares, mastins, bastões e granadas contra a torrente que clama justiça. Hoje, Trump chamou “fracos” a governadores que não usam o músculo com a força que ele deseja, como se não chegasse já, e continua a inflamar a retórica contra a contestação, colando o rótulo de “terroristas” aos antifascistas para pré-justificar ainda mais violência. Dizem as agências internacionais que “as autoridades” dos Estados Unidos avisam que o coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 pode espalhar-se mais com as manifestações. Nunca um agente patogénico foi usado de forma tão letal contra a democracia. Está em curso uma vigília com e em defesa de 27 trabalhadores precários que a RTP e o Ministério da Cultura mantêm há anos