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A mostrar mensagens de janeiro, 2022

Ucrânia: pressão dos EUA e da NATO e seguidismo dos media

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Os media têm intensificado, nas últimas semanas e nos últimos dias, a campanha de dramatização da situação de “tensão entre a Rússia e a Ucrânia” (e por que não entre os EUA e a NATO e a Rússia?!), dando como iminente a “invasão pelo Kremlin” – tão iminente que já esteve agendada para Novembro, segundo os serviços secretos norte-americanos, depois para o início deste ano e agora, segundo o presidente Joe Biden, está prevista para Fevereiro. Os meios de informação internacionais – e também os portugueses, incluindo a pública RTP – repetem a lenga-lenga com muita dedicação e pouco zelo pela independência e equidistância, repisando a narrativa de uma “ameaça” russa que os Estados Unidos, a NATO e a União Europeia alimentam e que a Federação Russa nega existir. Moscovo fá-lo com tanta veemência e tanta legitimidade como a que possui Washington ao insistir nas suas acusações, elemento este que deveria servir de referência para os meios de informação. Pelo contrário, a generalidade dá c

Notas de campanha (22 - fim)

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  1. Um vento frio sopra sobre a praça interior do complexo municipal da Maia, repleta e colorida, com as bandeiras da CDU a drapejar numa cantilena alegre. Arranca o último dia de campanha eleitoral, com uma sessão pública(*) que conta com a participação do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, calorosamente aplaudido. O dia é de alertas: “Quem quer uma política de esquerda não a pode negociar com todos e muito menos com a direita”, observou. (*) Fiz uma intervenção sobre o problema da habitação, que  pode ser lida aqui )  2. Sabemos muito bem o que a direita fez quando esteve no Governo. “Se queremos avançar, a memória não nos pode falhar”, como advertiu a candidata  Olinda Moura, numa sessão, à tarde, em Valbom, a freguesia de Gondomar mais mal servida de transportes públicos e onde a chegada do metro tarda. Não, não é uma inevitabilidade. “O voto na CDU é o voto do direito à mobilidade”, assegurou a cabeça de lista, Diana Ferreira.            3. “É na CDU que se encontr

O problema da habitação nas eleições legislativas

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A campanha nacional da Coligação Democrática Unitária (CDU) encerrou hoje, com acções com a participação do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, na cidade da Maia, no Porto, onde decorreu um impressionante desfile, e em Braga. Na Maia, coube-me fazer a intervenção que transcrevo a seguir: Camaradas e amigos, Uma calorosa e fraterna saudação a esta magnífica jornada de afirmação e de luta pelos valores de Abril e por um projecto de transformação no qual convergem militantes e amigos do PCP e do PEV, assim como muitos independentes, que aspiram a mudanças decisivas na vida dos trabalhadores e do povo, e por elas se batem. Permitam que vos fale da urgência da mudança numa área fundamental na vida de milhões de portugueses – o direito à habitação. Dentro de um mês, passa um ano sobre a aprovação de um acordo entre o Município da Maia e o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), com vista ao realojamento de 757 famílias em seis anos, volume com que a Câmara PSD/CDS

Notas de campanha (21)

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1. A Antena 1 passa a primeira entrevista do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, depois da intervenção a que teve de ser submetido. Decorre num registo tranquilo, de parte a parte: o entrevistador (Joaquim Reis) pergunta tudo o que quer, no tom apropriado, sem pressas nem obsessões; o entrevistado responde, com serenidade e clareza. Deu gosto ouvir.                       2. A senhora do minimercado saúda a chegada da brigada a Vila Nova da Telha. “Ainda bem que vieram.” Viemos porque estamos sempre com o pequeno comércio, com as micro, pequenas e médias empresas. “É preciso, é preciso, por isso confio em vocês!”                 3. Na estação do metro de Pedras Rubras, solheira, os passageiros aguardando partidas recebem com simpatia geral os documentos da CDU. Um homem esboça um “Não vale a pena, são todos iguais”. Olhe que não, olhe que não: a quem é que deve o estabelecimento do passe intermodal único na Área Metropolitana e a metade dos preços? É ao PCP. Se não fosse

Notas de campanha (20)

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1. A Rua da Junqueira, fechada ao trânsito automóvel e coração comercial da Póvoa de Varzim, com afamadas lojas, quase não mexe. Como vão os negócios? A comerciante encolhe os ombros, resignada, e suspira. Bem, é dia semana, ao sábado sempre anima… “Anima na rua, nas lojas nem por isso…” Temos então de continuar a batalhar por melhorias na vida das pessoas, a CDU tem proposto o aumento geral dos salários. “Era bem preciso, era. Olhe, boa sorte!” Outro lojista dá duas de conversa sobre o estado da economia e as voltas que é preciso dar. “Eu não tenho a sua ideologia, mas temos de aumentar a produção nacional, mas não vai lá com mão-de-obra barata”, opina. Por exemplo, “eu consigo vender uns sapatos de 100 euros a quem ganha só 500”. Ora bem, a proposta do PCP é que o Salário Mínimo Nacional passe pata 850. “Em Portugal, precisava era de estar nos 1200 ou 1300!”              2. Notícia do dia: o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, regressa à campanha eleitoral da CDU. “Visive

Notas de campanha (19)

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1. O dia de campanha nasce na estação Fórum Maia do metro. Está o Sol a despontar, está um frio que tolhe. Começam trabalhadores a chegar para embarcar para outros rumos, ou a apear-se para os empregos na cidade, uns um pouco estremunhados, mas diligentes, outros mais despertos. Bom dia! Posso entregar-lhe? Os panfletos vão deslizando de umas mãos para as outras. “Obrigado!”, “Claro que sim!” Um jovem chega apressado, rejeitando, num gesto seco, o documento que lhe estendo e sumindo-se entre a pequena multidão no cais de embarque. Alguns minutos volvidos, caminha na minha direcção com a mão estendida. “Por favor, afinal aceito”, pede.                2. De semana para semana, a feira de Pedrouços parece esvair-se. As bancas desaparecem e teme-se que não voltem, os compradores escasseiam. Um vendedor, conhecido da CDU das andanças no contacto com comerciantes e populações por mercados e feiras da Maia, antes, durante e depois de campanhas eleitorais, lastima o declínio. “Já não há nada

Notas de campanha (18)

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  1. Que fazer com este Douro? Despoluir, ordenar, gerir. Temas de interessante e produtiva conversa, na manhã de hoje, na Foz do Douro, com o biólogo Adriano Bordalo e Sá, docente e investigador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) que há largos anos se dedica ao estudo e divulgação dos problemas do estuário – da poluição (os esgotos continuam por tratar adequadamente) aos efeitos dos molhes na foz do rio, das consequências das barragens na drástica redução do transporte de sedimentos para a costa, passando por mutações na fauna aquática e pela incompreensível sobreposição de competências de múltiplas entidades com jurisdição no rio. (Na foto, obtida na página da CDU – Distrito do Porto , com Bordalo e Sá e Diana Ferreira, primeira candidata da CDU no distrito do Porto.)   2. “Que recepção tão grande!” Com um sorriso largo, a jovem operária saúda a brigada da CDU. “São os do costume; só nós é que vimos ter com os trabalhadores”, responde Filipe Pereira, dirig

Notas de campanha(17)

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1. Praticamente 12 horas como delegado enfiado num pavilhão onde funcionaram as 15 mesas de voto antecipado em mobilidade. Tenho a convicção de que nos podemos congratular com o esforço de todos os membros das mesas e com o civismo de todos os eleitores que se inscreveram para o voto antecipado e nele compareceram. 2. O certo é que cheguei a casa a tempo de ver numa televisão uma repórter de campanha declarar, com o ar mais sério deste mundo, que a pergunta mais importante que o meu camarada Jerónimo de Sousa terá de enfrentar quando regressar às suas tarefas é sobre “como se viu substituído” (cito de memória, mas o sentido é este) na sua ausência imposta por razões de saúde. 3. E agora, se me dão licença, cá vos deixo com o Jerónimo, mas também com a Márcia, a Catarina e a Diana. Escutai-os: é muito importante o que dizem, aqui .

Notas de campanha (16)

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1. Estratégias de distribuição de propaganda política à porta de supermercados, o dilema: entrega-se à entrada ou à saída? Certamente à saída, porque as pessoas querem ter as mãos livres para escolher os produtos, colocá-los no cesto ou nos carrinhos, passar para o tapete da caixa, colocar nos sacos, pagar… Resposta certa: depende. Aquela senhora do casaco castanho, por exemplo, que se encaminha para a porta de entrada, quase fica ofendida por não lhe entregarmos um desdobrável, tal como o acabado de oferecer a uma outra que transpusera a porta da saída. E um homem estacou mesmo à espera do documento. “Vamos a ver se o Costa se põe fino!” É preciso dar mais força à CDU. 2. A primeira aflição da empregada de uma loja num centro comercial era a de que a brigada da CDU não entrasse toda. “Só um, por favor”, pediu com modos gentis quando me aproximei e entreguei o documento. Explicou: “É por causa do controlo das entradas na loja, que não batem com a conversão”. Ou seja, os trabalhador

Notas de campanha (15)

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1. Contacto com a população da Maia e Matosinhos e com feirantes na Feira de Santana. No corre-corre para as compras e a atenção ao horário dos autocarros, uma senhora rejeita a propaganda da CDU e avança, passo estugado. Adiante, estaca, volta-se a observa-nos. Instantes depois, caminha na nossa direcção com a mão livre estendida, a colher o desdobrável. Quer saber por que razões não lhe aumentaram a reforma como deviam. O Governo só não aumentou neste mês como devia porque não quis. "Agora estou esclarecida, sei em quem votar." Um homem brinca: "Então não há umas canetas?!" Que não, mas temos propostas para melhorar a vida das pessoas. Ele põe um ar mais sério. "Vocês fizeram muito bem em votar contra aquele orçamento. Mantenham assim, firmes!" O assunto das eleições antecipadas volta à baila mais do que uma vez. Ana Mesquita, deputada do PCP e segunda candidata da CDU pelo Porto (na foto), esclarece que "O PS queria mesmo" provocá-las. À frent

Notas de campanha (14)

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  1. O último debate dos partidos parlamentares antes das eleições, esta manhã em simultâneo nas rádios nacionais Antena1, Rádio Renascença e TSF, com transmissão também na RTP3. Rui Rio e André Ventura não participam, devido a “compromissos de campanha”. Apesar dos ganhos em higiene do debate, é uma falta de respeito para com os ouvintes e pelo importantíssimo meio rádio. Inevitavelmente (?!), o debate insiste no tema de política de alianças ou entendimentos – se PS com os partidos à esquerda ou à direita; se PSD com PS ou à direita. E por que há-de ser assim e não outra hipótese? João Oliveira, que substituiu Jerónimo de Sousa no debate, colocou-a com clareza: “Está o PS disponível para convergir com a CDU para encontrar respostas para os problemas do país?”    2.   "Ladrões!" Ainda a brigada da CDU estava a uma trintena de metros de distância e já se preparava, em certo café da freguesia de Ramalde, uma arruaça enxameada de insultos e ameaças. No interior, o dono e um segu

Manuel Leal e a "carreira" dos comunistas

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Há dias, um jornalista perguntou a João Oliveira, mais palavra menos palavra, cito de cor, como se sentia "nesta fase da sua carreira política", que é um conceito estranho aos comunistas. Lembrei-me agora disso, ao ler a tocante evocação, no "Avante!" de hoje, da vida e tarefas de Américo Leal, que hoje completaria 100 anos (faleceu há poucos meses), ao longo de 77 anos de empenhada militância, dos quais 27 na clandestinidade. Ser deputado constituinte e deputado em duas legislaturas foram apenas algumas da inúmeras e exaltantes tarefas que assumiu, em função das necessidades concretas do Partido, não foram "fases da sua carreira". Mas isto é o PCP a pensar "fora da caixa" há um século.

Notas de campanha (13)

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  1. Acção, em Matosinhos, de solidariedade com os trabalhadores da indústria conserveira de peixe, em greve pela negociação imediata do Contrato Colectivo de Trabalho, pela manutenção de todos os direitos, por aumentos salariais dignos. “Uns míseros cinco euros não é nada comparado com o que eles lucram”, sintetiza uma delegada sindical, intervindo perante os trabalhadores concentrados frente à sede da Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe. Em 2020, o sector produziu 72 mil toneladas de conservas, mais onze mil do que em 2019, gerando 365 milhões de euros de lucro, mais 40 milhões do que em 2019. “Patrão, escuta, os conserveiros estão em luta!”, exorta a palavra de ordem repetida em coro pelos manifestantes. “A vossa luta é a nossa luta!”, apoiou Diana Ferreira (foto). “Na pandemia, os vocês foram considerados imprescindíveis, mas são também imprescindíveis hoje, serão imprescindíveis amanhã e serão imprescindíveis no futuro”, acrescentou a deputada e primeira ca

Notas de campanha (12)

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    1. O ódio visceral que a direita tem a tudo quanto é público (menos as parcerias público-privadas e outras tetas do “sistema”, não é?!), a demagogia indecorosa e as reais intenções para empresas como a TAP (leve-se à insolvência!, proclama) vai fazendo carreira. Rui Rio tem dado o exemplo – e ontem, no “debate com todos” na RTP, voltou a fazê-lo – da enorme diferença de preços (ordem das centenas) entre um bilhete de avião para S. Francisco, nos Estados Unidos, ora com partida em Madrid, ora a partir de Lisboa. Ainda estou à espera de que alguém lhe pergunte quanto custava no tempo do governo PSD/CDS.      2. Contacto com trabalhadores à entrada de várias empresas industriais na Maia. Os tempos de pandemia tornam-nos mais breves (é muito difícil conversar com essa espécie de açaime sanitário que nos tapa a boca e o nariz), mas a simpatia com que muitos trabalhadores nos recebem é muito reconfortante. “Claro que aceito, obrigado!”; “Obrigado por virem!”; “Dia 30, lá estamos, a ver

Notas de campanha (11)

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1. O televisor do restaurante transmite o “Primeiro Jornal” – o telejornal da hora de almoço da SIC. Está sem som (opção do estabelecimento, bem se vê), colocando o espectador na dependência quase exclusiva dos “rodapés” para apreender uma informação mínima do que está a ser noticiado. É, no entanto, um exercício muito interessante, este de analisar o conteúdo informativo resumido ao texto dos rodapés (além do desafio à capacidade de interpretar as imagens), não só por serem as mensagens por definição explícitas, mas também pelo subtexto, pelo implícito, pela dedução que sugerem. A rubrica “S. Bento 2022”, uma síntese da “campanha oficial”, com peças de reportagem de ontem, desta manhã e directos de pontos do país onde se encontram ou vão encontrar os líderes das diversas formações, é um eloquente exercício de análise dos artifícios e sentidos que os “rodapés” encerram. Na síntese relativa ao encontro de João Ferreira (o tal que os media consideram uma das figuras mais mediáticas do

Ainda o debate Rio/Costa e a governação à Guterres

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Ainda a tempo de acrescentar algumas achegas ao pós-debate televisivo de quinta-feira entre os líderes do PS e do PSD, caracterizado pela gritante falta de abordagem aos problemas essenciais dos trabalhadores, do povo e do país, já que das empresas nem António Costa nem Rui Rio se esquecem… O título do Público do dia seguinte é suficientemente claro: "Costa afasta ‘geringonça’ e admite governar à Guterres". Por outras palavras: Costa quer fugir da acção e intervenção da CDU para, com maioria absoluta ou com entendimentos formais ou informais com PSD (diploma a diploma), continuar a faltar às soluções para o país. Lembremos o que foi governar à Guterres em alguns tópicos essenciais: - Privatização de cerca de 60 empresas públicas - sistema financeiro, indústria, energia, transportes e comunicações (Banco Borges e Irmão, Banco Totta & Açores, Banco de Fomento Exterior, ANA, PT, REN, EDP, CNP, Petrogal, Quimigal, Siderurgia Nacional, Portucel, Cimpor, Setenave, etc.); -

Notas de campanha (10)

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  1. A Feira das Velharias do Castêlo da Maia, segundo afiança o vendedor de relógios e outros objectos pendurados no tempo, atrai muita gente de fora do concelho da Maia. E gente com interesse em conhecer o que propomos. Em pouco tempo, esgotámos todo o material de propaganda programado. “De quem é? Se é da CDU, levo”, concede uma senhora. “Se faz favor dê-me um desses”, interpelou-nos um homem, algo apressado e cirandando por entre as inúmeras bancas (São muitas as pessoas que aqui vêm todas as feiras procurar algo, seja o que for, aos terceiro e quinto domingos de cada mês, explica-nos um conhecedor). Uma vendedora de porcelanas resmunga quando um circunstante rejeita com maus modos o documento que lhe ofereço. “Ora essa! Devemos aceitar, para conhecermos melhor. É assim que se vive a democracia!”, explica. Volto ao vendedor de relógios. Diz ele: “Vocês só cá vêm nas eleições!” Protesto que está a ser injusto: já perdi a conta às vezes que a CDU visitou todas as feiras da Maia em

Notas de campanha (9)

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1. “Encontraram-me aqui por pouco: vou para a América. Com o aumento da reforma, já comprei o bilhete de avião.” Na feira semanal da Cidade da Maia, hoje pela manhã, replicam-se as queixas em relação ao aumento insuficiente das pensões. “É o que o Costa nos dá é isto.” A senhora suspende por momentos a ironia (“Enriqueci com os três euros e pouco de aumento…”), que a coisa é séria. “Estes, ao menos, prometeram pelo menos dez”, reconhece, apontando a propaganda da CDU. 2. Acção de distribuição de propaganda no centro da Maia. Acolhimento simpático por parte de comerciantes e população. Multiplicam-se os votos de “boa sorte”. Sorte não chega, são necessários votos… “Claro, claro! Não voto em vocês, mas desejo-vos sorte, fazem falta na Assembleia da República”, diz um cliente de um estabelecimento. A dona de uma pequena loja sorri com cumplicidade: “O meu voto é como um ferrinho, está lá sempre”. 3. Acções de contacto com moradores em vários empreendimentos de habitação pública e

Notas de campanha (8)

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1. Contacto com pescadores no portinho de Angeiras, Matosinhos. “Antes, mal vinha temporal ou vermos a previsão de vagas de sete metros, lá vínhamos limpar a praia – retirar todos os barcos.” É geral a satisfação pelo papel do PCP na construção do quebra-mar que permite aos pescadores manter embarcações e apetrechos no cimo do areal quando a borrasca sacode a costa. “Mas só vamos ao mar duas vezes por semana, e não compensa!” O jovem pescador (ao lado, na azáfama da prolongada tarefa de catar o lixo das redes, o pai passa-se a palavra do protesto “-estou cansado disto”, justifica-se) desata as queixas. “Dantes, íamos ao mar com 25 euros de gasolina; agora, são mais de 40 – tudo sobe, combustíveis, redes, por aí fora, mas continuamos a vender o peixe ao mesmo preço…” Mas no mercado não está ao mesmo preço! “Pois não, mas continuamos a ganhar o mesmo! Se ao menos viesse a gasolina como o gasóleo agrícola.” Um camarada atalha: o PCP apresentou já essa proposta na Assembleia da República

Notas de campanha (7)

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1. O dia-seguinte-ao-debate televisivo João Oliveira vs. Rui Rio foi um festim mediático. Não pelo conteúdo das intervenções, muito menos pela confirmação de que PSD e PS estão claramente unidos para barrar o caminho aos aumentos de salários e das pensões de reforma, por exemplo, propostos pela CDU. Mas pelo que esse frente-a-frente serviu para "lançamento" do debate de hoje, entre Rui Rio e António Costa. Notícias e comentários sobre o primeiro foram preparados essencialmente na perspectiva da promoção do segundo, impropriamente apresentado como "o debate decisivo". Um espesso caudal de sucessivos directos e painéis de comentário foi propagando a falsa ideia de que destinam a promover a "eleição do primeiro-ministro" (mistificação que os dois dirigentes alimentam), quando o que está em causa, no próximo dia 30, é a eleição de 230 deputados para a Assembleia da República. Isso legitimaria a concessão de condições aos dois líderes que a nenhum outro foi ou

Notas de campanha (6)

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1. Está reaberto o concurso mediático de nomes para a "sucessão" de Jerónimo de Sousa. Mediáticos de preferência, pede a imprensa. Por muito que o próprio e outros dirigentes insistam que a questão da substituição do secretário-geral não está sobre a mesa, a candente questão atormenta noticiaristas e comentadores. Caso para perguntar se tamanha obsessão pelo tema não servirá de desculpa para continuar a desvalorizar as propostas e realizações do PCP. 2. Contacto com a população na Maia. No estendal improvisado num terreno frente ao bairro, uma senhora observa, interessada, documento de propaganda que lhe entregamos, de repente a disputar a atenção que prestava à bacia de roupa da sua tarefa matinal. Vamos ver se mudamos as coisas? "Não vejo jeito", duvida. "Mas haja esperança!" E força, por isso é necessário votar. "Aí eu não falho!" E prosseguiu a lida, animada pelo sol.  3. Contacto com trabalhadores junto de empresas. Em geral, a aceitação da