Notas de campanha (11)
1.
O televisor do restaurante transmite o “Primeiro Jornal” – o telejornal da hora
de almoço da SIC. Está sem som (opção do estabelecimento, bem se vê), colocando
o espectador na dependência quase exclusiva dos “rodapés” para apreender uma
informação mínima do que está a ser noticiado. É, no entanto, um exercício
muito interessante, este de analisar o conteúdo informativo resumido ao texto
dos rodapés (além do desafio à capacidade de interpretar as imagens), não só por
serem as mensagens por definição explícitas, mas também pelo subtexto, pelo
implícito, pela dedução que sugerem. A rubrica “S. Bento 2022”, uma síntese da “campanha
oficial”, com peças de reportagem de ontem, desta manhã e directos de pontos do
país onde se encontram ou vão encontrar os líderes das diversas formações, é um
eloquente exercício de análise dos artifícios e sentidos que os “rodapés”
encerram. Na síntese relativa ao encontro de João Ferreira (o tal que os media
consideram uma das figuras mais mediáticas do PCP) com um grupo de
trabalhadores da recolha de resíduos da Câmara Municipal de Almada, a SIC afixa
a (retorcida) frase “João Ferreira desconhecido entre quem apelou ao voto”. É
uma afirmação que tem um intuito; e adopta um tom com que mais nenhuma figura foi
tratada. Diz que são critérios editoriais…
2.
Terceira sessão de esclarecimento da CDU com reclusos, prestando conta do
trabalho realizado, dos avanços alcançados e daqueles que PS, PSD, CDS e seus
sucedâneos não permitiram concretizar, mas também apresentando as nossas
propostas e escutando os seus problemas e sugestões. “Temos ideologias opostas
e eu combati o PCP, mas louvo-os por terem vindo”, diz-nos, no final, um dos
homens.
3.
Debate, na RTP1, com todos os partidos com assento parlamentar. António Costa
teve de João Oliveira a merecida resposta à sua obsessão pela estabilidade alçada
a valor absoluto do mandato político: "Não
há governo mais estável do que os de maioria absoluta e são os que tornam a
vida das pessoas mais instáveis".