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A mostrar mensagens de abril, 2022

Em defesa do jornalista Bruno Amaral de Carvalho

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Prossegue em ritmo feroz a campanha de perseguição ao jornalista Bruno Amaral de Carvalho, o único repórter português que ousou ir observar a guerra na Ucrânia num território que mais nenhum camarada nacional seu quis ou pôde cobrir. Fá-lo num teatro de operações de elevado risco, do outro lado da linha da frente. Fá-lo, sobretudo, porque leva às últimas consequências o que sente ser seu dever de contribuir para que o público disponha de informação o mais completa possível. Por isso, Bruno Amaral de Carvalho atua em cenários atacados por forças ucranianas, do mesmo modo que os outros, a maioria, trabalham em cenários atacadas por forças russas e separatistas. É esse o seu arriscado contributo para o pluralismo. Deveríamos todos agradecer a enorme coragem do Bruno, que se lançou sozinho numa missão muito arriscada, em zonas de combate, e sem qualquer suporte – laboral, material, financeiro, logístico e até moral – de qualquer órgão de informação: apenas vendendo a quem aceita os t

Eleições presidenciais em França: e que tal se pensássemos seriamente neste assunto?

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Quando estão completamente escrutinados os resultados das eleições presidenciais francesas, impõe-se olhar para os números dos resultados absolutos: - Emmanuel Macron foi reeleito com 18 779 641 votos; em 2017, obteve 20 743 128, ou seja, perdeu 1 963 487. - Marine Le Pen alcançou 13 297 760 de votos; em 2017, tinha alcançado 10 638 475, portanto ganhou 2 659 285 de eleitores. Por outras palavras, se em 2017 tinham 10 104 653 votos a separá-los, a distância encurtou agora, substancialmente, para 5 481 881 boletins. Pensemos todos no assunto.

Se o governo da Ucrânia pudesse, também ilegalizaria o Partido Comunista Português

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  No seu critério editorial, mas contribuindo para atiçar o lume com que tantos procuram queimar o Partido Comunista Português (PCP), a RTP – Serviço Público de Televisão entendeu ir perguntar ao “principal conselheiro” do presidente de um país estrangeiro o que pensa de uma posição de um partido que faz parte (e é fundador) do sistema democrático português. O dito senhor, Ihor Zhovka de seu nome, não se coibiu de cometer a indelicadeza diplomática de comentar assuntos de um país em cujo Parlamento o seu presidente iria fazer (mal, mas enfim…) uma intervenção como convidado. Nem de ousar  considerar estranha a existência de um Partido Comunista em Portugal . (Pelos vistos poucos repararam na intromissão, nem afronta ao Estado Democrático de Direito que somos e a ofensa grave aos direitos, liberdades e garantias e à memória de todos quantos lutaram contra o fascismo.) No país de Volodymyr Zelensky e de Ihor Zhovka, já trataram disso em 2015, ilegalizando o Partido Comunista da Uc

Uma queixa à CNN e certas noções básicas de pluralismo

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Fui alertado para este “twitt” de Ana Gomes, diplomata aposentada, ex-deputada europeia pelo Partido Socialista, ex-candidata presidencial, comentadora televisiva e na imprensa, porta-estandarte de não sei quantas causas – corrupção, liberdades, etc. – , e não acreditei na veracidade da imagem que o reproduzia. Fui ver à conta de AG no Twitter: é mesmo verdade! Ana Gomes acha mesmo que tem o direito de interpelar uma cadeia de televisão americana sobre que explicações tem para o facto de a sua filiada portuguesa estar a difundir reportagens de um jornalista português (Bruno Carvalho) que teve a ousadia de ir a Mariupol? Não sei se esta guerra transtornou, em muitas cabeças, as noções básicas de liberdade de imprensa, de pluralismo informativo, de dever de mostrar um conflito sob vários ângulos, ou se revelou muito do que verdadeiramente pensam, no fundo, no fundo, personagens que passam bem por grandes democratas. Isto é tão mau, tão mau!

E se perguntássemos a Pedro Fiúza?

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Alimento há anos a ideia, sempre adiada, de coleccionar recortes de jornais e revistas com fotografias políticas, ou fotografias de Política. Até já pensei numa espécie de sub-título. Hesito entre "Olhares fotográficos" e "Interpretações dos editores". Por que não ambos?... O primeiro parece-me mais generoso para com os autores das imagens que me proponho guardar e classificar. Há muito de fascinante também, remetendo para o que o repórter viu, sentiu, leu, interpretou e registou num dado instante: cada imagem reflecte uma perspectiva de observação, um ponto de vista. O segundo, parecendo talvez maldoso, remete para a prática bem quotidiana da reinterpretação do momento, do conteúdo, do enquadramento e, em última análise, da "mensagem" da imagem original. Trata-se de um privilégio em geral dos editores/da hierarquia, isto é, de quem seleciona em definitivo o material fotográfico, sobretudo destinado à primeira página. Amiúde, se coloca o problema: por que

Buzova: Quando a verdade estraga "uma boa história"

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Fixemos este nome: Buzova. Há-de vir a ser escrito ou dito uma vez, e outra, e outra, talvez centenas ou milhares de vezes, repetido por todo o mundo, como o nome de uma vala comum, numa pequena cidade nos arredores de Kiev, com vítimas civis da guerra na Ucrânia. Serão poucos a reter a informação essencial de que tal vala nunca existiu. A “descoberta” da “vala comum”, no domingo, mereceu crédito jornalístico imediato, correu mundo e por também cá se difundiu e imprimiu, incluindo nos jornais de ontem, segunda-feira, embora nem todos lhe atribuíssem o destaque que o Correio da Manhã lhe deu. Pelo menos no “Jornal da Tarde” da RTP, um despacho dos seus enviados , primeiro, e, depois, uma reportagem no local feita pelos mesmos repórteres, José Manuel Rosendo e Sérgio Ramos, e difundida horas mais tarde, vieram desmentir categoricamente a sua existência. Mas o facto é que essa exemplar reportagem de verificação não teve qualquer efeito sobre os demais órgãos de informação e não fe

Jornalismo: quantos lados tem uma guerra?

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O jornalista, antigo presidente do Conselho Deontológico e professor de ética e deontologia do jornalismo Oscar Mascarenhas (1949-2015) expôs, no texto inaugural da sua coluna do provedor do Diário de Notícias , uma exigência fundamental que as redacções deveriam ter em conta, especialmente nos tempos que correm: " Por mim, e nestas coisas do jornalismo, tenho uma intransigência verdadeiramente ideológica: quero que me contem do mundo pelo menos duas versões - e deixem-me escolher em paz" [1] . Ocorre-me esta espécie de manifesto pelo pluralismo a propósito da intensificação da campanha que procura banir, ou pelo menos isolar, e praticamente condenar ao opróbrio muitos dos que, de uma forma ou de outra, conseguem ler e interpretar os acontecimentos – nomeadamente no Leste da Europa – sob ângulos e pontos de vista afastados do consenso imposto no espaço público, e em particular nos meios de informação – precisamente aqueles sobre os quais impende a obrigação de pluralismo.

Do Donbass, para Portugal

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Tenho acompanhado com muito interesse tudo quanto o jornalista Bruno Amaral de Carvalho, em reportagem no Donbass, tem publicado no seu canal na rede Telegram e a reportagem que hoje deu à estampa no jornal "Público". É um trabalho de terreno, no solo e nas condições de um cenário de guerra que a imprensa portuguesa tem negligenciado. E é essencialmente um trabalho sério. Sorte para o "Público" ter corrigido hoje essa grave lacuna. Esperemos que assim continue. Para o Bruno Carvalho , um forte abraço.

Sobre a caça ao "general comentador"

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  Está em curso no espaço público uma verdadeira caça ao general-comentador, visando nada menos do que neutralizar vozes diferentes da voz do consenso (ou do pensamento único) sobre os acontecimentos nos Leste da Europa, e concretamente na Ucrânia. Trata-se de uma campanha que roça frequentemente a calúnia, apodando frequentemente de “putinistas” oficiais generais e outros oficiais menos graduados aposentados das Forças Armadas portuguesas e com carreira na docência universitária nas áreas das relações internacionais, defesa e estratégia militar. Não obstante a significativa qualificação académica e militar desses protagonistas para a análise da situação no Leste, o curso da guerra na Ucrânia, assim como as suas causas e a respectiva contextualização e profundas implicações geoestratégicas, políticas, económicas e sociais, a campanha de desprestígio e de questionamento da sua legitimidade é uma expressão muito preocupante do que pretende a ditadura do pensamento único: varrer do es