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A mostrar mensagens de junho, 2017

Predadores

«Tenho conhecimento de vítimas indirectas deste processo, de pessoas que puseram termo à vida, em desespero». Não sabemos por quanto tempo a afirmação, peremptória, do presidente do PSD ficará na história do Jornalismo e da Política, nem se algum dia será caso de estudo por algum praticante de ciências da comunicação e/ou de ciência política. Pronunciada ontem, após uma visita aos Bombeiros Voluntários de Castanheira de Pera, a afirmação de Pedro Passos Coelho ficará seguramente na memória de muitos como uma chocante expressão do cinismo predador de sentimentos e da mais descarada mentira, explorando a dor alheia para exclusivo proveito mediático. Estiveram bem os jornalistas que lhe pediram que fosse mais específico em tão graves declarações – quantos?, onde? – e cumpriram o seu dever de cotejar a afirmação e buscaram informações junto de outras fontes, incluindo autarquias e Segurança Social. Mas o gravíssimo incidente, que não teve de Passos Coelho a exigível retractação, a

Comércio de frivolidades

Nos últimos dias, alguns meios de informação têm dedicado devotada atenção a uma das vedetas mais frequentes da galáxia mediática, desta vez com a excitante notícia do nascimento – assegurado pela SIC, de imediato seguida pelas edições em linha de vários jornais e revistas – de dois filhos gémeos, pelos vistos nos Estados Unidos e através de uma gestante de substituição. Que houve de relevante no facto para justificar a notícia? A avaliar pelo publicado, apenas o facto de, pela segunda vez, a vedeta, solteira, ter recorrido ao mesmo método, no mesmo país e fazer segredo da identidade da mãe, condimentado com um, pelos vistos relevante, «grito de guerra» da dita pessoa largado numa farra de piscina entre amigos e uma frase proferida em Inglês pelo petiz, que os media mais habilitados em decifrações asseguram tratar-se de uma saudação - «Bem-vindos Fulana e Sicrano », segundo um vídeo que o famoso progenitor publicitou num media social. Nasceram! Vêm a caminho da Europa, exultam

Na morte de Alípio de Freitas

Estou a pensar nessa idiossincrasia, que me ensinaram ser característica das notícias, que consiste em valorizarem, as mais das vezes, os acontecimentos negativos. Entre as de hoje, surpreendeu-me a triste nova da morte do Alípio de Freitas – um resistente antifascista e um camarada como poucos.   Li hoje tantas coisas, tão belas e tão acertadas sobre o Alípio, que não me atrevo a aditar mais do que:  a) um sumaríssimo mas sincero registo da saudade da fala suave e doce com que o Alípio encantou os momentos – muitas vezes vezes breves – dos nossos encontros e da serenidade sábia com que participava nas reuniões do Conselho Geral do Sindicato dos Jornalistas;  b) a expressão pública da gratidão imensa por o Alípio ter integrado, como membro do Conselho Geral, quase todos os mandatos dos órgãos do SJ nos quais tive a honra de ser eleito como cabeça de lista (faltou o último, porque estava algures no Brasil quando era necessário assinar a declaração de aceitação da candidatura)

Camada de protesto

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