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A mostrar mensagens de outubro, 2021

Perguntas e respostas a pretexto da "crise orçamental"

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Dezoito perguntas e outras tantas respostas para ajudar a compreender o que está em causa na chamada crise do Orçamento, em importante suplemento do "Avante!" de hoje. Experimentai ler com espírito aberto e sem preconceitos. Eu sempre acharia útil que comprassem o jornal e mantivessem sempre à mão o dito suplemento, no qual também consta o comunicado da reunião do Comité Central de domingo passado, mas pelo menos vejam aqui as "Perguntas e Respostas".

Para que serve um jornal diário?

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Aos que, numa certa corrente, defendem que, aos jornais impressos do dia seguinte a determinado acontecimento extensamente noticiado na diversas plataformas no próprio dia em que ocorre, não resta senão aprofundar análises e cenários e encontrar respostas para as perguntas que as notícias desse dia não deram, é costume outros fazerem notar que, mesmo assim, um jornal diário não pode descurar o essencial da sua missão primeira - fornecer informação de base e de enquadramento. Estes últimos costumam até usar o exemplo de determinado cidadão que, embarcando num avião algures no mundo, onde esteve a leste dos acontecimentos, na véspera, no seu país, toma para ler os jornais do dia em que embarca já eventualmente disponíveis na aeronave, ou os compra ao desembarcar à chegada. O que ele precisa de saber, antes de mais, é o que aconteceu, que factos ocorreram dignos de notícia e que ele precisa de conhecer previamente à leitura de outros textos. Entre os jornais diários de ontem, há os que pu

“Colaborador”, o servo do tio Eliseo

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No filme “A Vida É Bela” (Roberto Benigni, 1997), há, entre muitas outras notáveis, uma cena que retive como uma subtil mas incisiva advertência sobre a condição de trabalhador e a dignidade que ela reclama em quaisquer circunstâncias. Trata-se do momento em que a personagem principal, Guido Orefice, interpretado pelo próprio Benigni, se prepara para começar a trabalhar como empregado de mesa ( cameriere ) no restaurante onde o tio Eliseo (Grustino Durano) ocupa o lugar de chefe de sala e se dedica, por essa altura, a iniciá-lo na função. Além de introduzir o jovem e fantasioso Guido na taxonomia das iguarias do menu (“a lagosta é crustáceo!”, repete ele), o tio Eliseo vai deixando dicas sobre aspectos práticos da sua missão, mesmo a postura perante os clientes, corrigindo-lhe a excessiva inclinação de saudação à chegada destes. “Os girassóis curvam-se diante do Sol, mas, se os vires muito inclinados, significa que estão mortos. Um serve, mas não é servo; servir é a arte suprema”

Só para ouvir passar o vento

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  Outras vezes oiço passar o vento, E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.   De "A espantosa realidade das coisas",  in " Poemas Inconjuntos" - Poemas de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) Ler na íntegra aqui .

Afinal, o Poeta estava enganado

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Porto, Rua de João das Regras, Outubro de 2021

O Operário em Construção

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  A propósito de uma discussão – que não vem ao caso – sobre a actualidade e o significado de termos e conceitos que, na feroz e desigual batalha ideológica, alguns pretendem soterrar sob uma avalancha de alternativas eufemísticas, como a palavra trabalhador , por exemplo, ocorreu-me recordar um belíssimo poema do poeta brasileiro Vinicius de Moraes, o “Operário em Construção”. Escrito no “longínquo” ano de 1959, é um extraordinário exemplo de como os intelectuais podem contribuir para a tomada de consciência dessa condição, transformando-a em arma decisiva para a transformação.             E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:  - Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.  E Jesus, respondendo, disse-lhe:  - Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.  Lucas, cap

A “criminalidade alta” deu mesmo votos a Ventura?

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Estando a organizar papéis relativos às eleições autárquicas de 26 de Setembro, encontrei um recorte do “Correio da Manhã” sobre os resultados do partido Chega! com o sugestivo título “Criminalidade alta dá votos a Ventura”. A reforçar a ideia, o pós-título acrescenta: “Relação – Extrema-direita com mais votos onde há mais crime participado”. O texto, publicado no dia 28, “arranca” de forma coerente com a parangona: “O Chega teve melhores resultados em concelhos com taxa de crime e poder de compra mais elevados que a média nacional . E nos locais com menos hospitais e médicos.” No entanto, esmiuçada a página – texto, caixas, “orelhas” – não se encontra um único dado que suporte qualquer das afirmações. Afinal, onde é que há mais “crime participado?” Quais são os concelhos com “taxa de crime” mais alta que a média? Nenhuma pergunta tem resposta no CM. Ora, consultando as taxas de criminalidade no país, por região e por concelho, publicadas pelo Instituto Nacional de Estatíst

Muleta discursiva ou enxerto opinativo?

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  Há uma velha regra do Jornalismo segundo a qual “a distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público”. A norma deontológica (parte final do n.º 1 do Código Deontológico) é clara, mas nem sempre é respeitada na letra e no espírito, seja por deslize de um certo jornalismo “interpretativo”, ou “de autor”, seja por razões que nem sempre são claras aos olhos do público. No “Jornal da Tarde”, da RTP, de hoje , ocorreu um episódio digno de reflexão. Sonorizando uma peça sobre a situação negocial da proposta de Orçamento de Estado entre o Governo e nomeadamente o PCP e o BE, o redactor, depois de enquadrar os próximos contactos, que reputa como “uma nova ronda decisiva”, enfatiza: “Entre análise, muita encenação e algum teatro , a verdade é que fala-se do que nunca se falou nos orçamentos anteriores: em crise política, em eleições antecipadas.” De seguida, entram as declarações do Presidente da República a repetir que já “preveniu em público e preveniu em p

Sol de Outono a despedir-se do dia

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  Figueira da Foz, hoje

Exclusões

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  Travessa de Cedofeita. Outubro de 2021