Notas de campanha (19)

1. O dia de campanha nasce na estação Fórum Maia do metro. Está o Sol a despontar, está um frio que tolhe. Começam trabalhadores a chegar para embarcar para outros rumos, ou a apear-se para os empregos na cidade, uns um pouco estremunhados, mas diligentes, outros mais despertos. Bom dia! Posso entregar-lhe? Os panfletos vão deslizando de umas mãos para as outras. “Obrigado!”, “Claro que sim!” Um jovem chega apressado, rejeitando, num gesto seco, o documento que lhe estendo e sumindo-se entre a pequena multidão no cais de embarque. Alguns minutos volvidos, caminha na minha direcção com a mão estendida. “Por favor, afinal aceito”, pede.         

2. De semana para semana, a feira de Pedrouços parece esvair-se. As bancas desaparecem e teme-se que não voltem, os compradores escasseiam. Um vendedor, conhecido da CDU das andanças no contacto com comerciantes e populações por mercados e feiras da Maia, antes, durante e depois de campanhas eleitorais, lastima o declínio. “Já não há nada a fazer…” Que há, e a CDU tem propostas e não nos podemos resignar: há que dar-nos é mais força! “É mesmo o meu voto! Mas eu, se calhar, não vou votar no domingo…” Então? “Pois, com esta situação da covid, e ainda por cima os infectados também podem ir.” E a senhora não veio à feira? Quantas pessoas acha que estão infactadas aqui? “Pois, também é verdade!”        

3. Contacto com a população e comerciantes nas imediações da estação de Campanhã (caminho de ferro e metro). Repete-se a passagem dos documentos da CDU de mão em mão, os agradecimentos mútuos (“Sim, claro que quero!” Obrigado!); há aquele senhor no café que diz “Este não é o meu clube, mas aceito com todo o gosto”; o da oficina que cumprimenta “CDU é sempre!”; e quem descubra que ninguém está só e que pode lutar em conjunto. Vejam o caso deste motorista de “uber” que quase se resigna a não ter contrato e protesta, ainda assim, contra a subida dos preços dos combustíveis e a descida das tarifas. “Isto não é a praça da jorna: a plataforma deve fazer contrato de trabalho, com horário, salários dignos e pagamento de horas extras”, explica Diana Ferreira, a cabeça de lista da CDU no Porto. E mais: “a chamada lei uber tem de ser revogada e o Governo tem de fixar preços máximos para os combustíveis”. E ele: “As pessoas têm de ter atitude. Já sei: vou votar na CDU!”               

4. Como num eco, ouvimos de um trabalhador à porta de uma empresa na Zona Industrial do Porto: “Já tenho a decisão quase tomada: de certeza que vai ser neste!”. Há momentos assim, gratificantes.

5. Contacto com a população e comerciantes da Maia e de Gondomar ao longo da Rua de D. Afonso Henriques, ao final da tarde. Um homem interpela-nos sobre as razões do voto do PCP e do PEV contra o orçamento. Que não servia os trabalhadores nem resolvia os problemas do país (melhores salários, melhores pensões, combate à precariedade, mais Serviço Nacional de Saúde…), mas que o Governo não quis corrigir. “Mas já viram as sondagens? Diz que a direita pode ganhar…” Para já, o que conta são os votos no domingo, por isso é importante votar.       

6. O que está em causa, então, no domingo? Começar por eleger 230 deputados, mas reforçando a CDU, elegendo deputados do PCP e do PEV, ou entregando lugares a deputados da direita ou da política de direita. No círculo eleitoral do Porto, por exemplo, o que está em causa é optar entre eleger a Diana Ferreira, a Ana Mesquita e o Manuel Loff, ou entregar mais mandatos ao PS ou ao PSD. Por isso, todos os votos na CDU, distrito a distrito, contam.

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