Notas de campanha (20)

1. A Rua da Junqueira, fechada ao trânsito automóvel e coração comercial da Póvoa de Varzim, com afamadas lojas, quase não mexe. Como vão os negócios? A comerciante encolhe os ombros, resignada, e suspira. Bem, é dia semana, ao sábado sempre anima… “Anima na rua, nas lojas nem por isso…” Temos então de continuar a batalhar por melhorias na vida das pessoas, a CDU tem proposto o aumento geral dos salários. “Era bem preciso, era. Olhe, boa sorte!” Outro lojista dá duas de conversa sobre o estado da economia e as voltas que é preciso dar. “Eu não tenho a sua ideologia, mas temos de aumentar a produção nacional, mas não vai lá com mão-de-obra barata”, opina. Por exemplo, “eu consigo vender uns sapatos de 100 euros a quem ganha só 500”. Ora bem, a proposta do PCP é que o Salário Mínimo Nacional passe pata 850. “Em Portugal, precisava era de estar nos 1200 ou 1300!”             

2. Notícia do dia: o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, regressa à campanha eleitoral da CDU. “Visivelmente emocionado”, anota a repórter, num directo na TV à hora de almoço. Isto, no meio dos relatos de campanha, polvilhados por tricas miúdas entre PS (António Costa) e PSD (Rui Rio), e vice-versa. “Continua a desestabilização”, comenta-se numa mesa ao lado, no restaurante.

3. No noticiário internacional, prossegue a narrativa da intenção da Rússia de “invadir a Ucrânia”. Certezas tão certas dos governos dos EUA e do Reino Unido e seus aliados na NATO – Portugal incluindo! – como as provas que juravam a pés juntos ter sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque, lembram-se? O que é que isto tem a ver com as eleições legislativas de domingo em Portugal? Muito – como a denúncia e rejeição da concentração provocatória de forças da NATO no chamado “flanco leste”, ao longo da fronteira da Federação Russa e a exigência de dissolução dos blocos militares.            

4. “No domingo, não te esqueças.” A recomendação repete-se no acesso a uma grande empresa em Vila do Conde, na troca de turnos. Praticamente à cadência da entrada e saída de automóveis e camiões, a propaganda passa de mãos, como um testemunho numa corrida de estafetas. Faltam cinco dias para a meta. “Isto vai!”

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