Diário Off (23)



Passam hoje 75 anos sobre a adopção, em S. Francisco, Estados Unidos da América, da Carta das Nações Unidas, consequência de extraordinária importância da derrota sobre o nazi-fascismo, ocorrida mais de um mês antes (9 de Maio), no final da Conferência das Organizações Unidas para a Organização Internacional.

Assinada pelos representantes de 50 países, a Carta é um precioso legado de princípios e de compromissos em ordem a “preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra”, a reafirmar a “fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações, grandes e pequenas”, como se pode ler, à giza de síntese, no seu preâmbulo.

Três quartos de século volvidos, muito há a cumprir e a respeitar dos compromissos históricos – e com a História – então assumidos. Recrudescem atentados permanentes à soberania dos povos, intensificam-se a retórica belicista, a escalada militarista (os Estados e a NATO têm um milhar de bases militares em 145 países) e a corrida armamentista, incluindo com a militarização do espaço, nações soberanas vêem a sua independência e a sua autonomia ameaçadas.

O coronavírus não nos larga. Vai em mais de 9,7 milhões deinfectados e quase meio milhão de mortos em todo o mundo e volta a afligir em Portugal, onde é fácil, pelos vistos, culpar os outros, os mais pobres e os mais frágeis, e fazer discursos moralistas de condenação social e segregação e estigmatização dos bairros, do que tomar medidas de fundo.

Olhassem o Governo e demais autoridades para a forma como são transportados milhares e milhares de pessoas – nos comboios suburbanos, no metro e nos autocarros – e para as condições em que muitas habitam e trabalham e muita da covid-19 poderia ser prevenida.

Seria quase enternecedor, se não fosse tantas vezes manifesto o preconceito e o anticomunismo que revelam, o cuidado com que alguns meios de informação monitorizam diariamente a expectativa, a possibilidade, a “ameaça”, quanto à realização da Festa do Avante!, em Setembro.

Alguns redescobriram – ou descobriram – o próprio jornal e foram ler as duas páginas da edição de ontem dedicadas à Festa, com uma área total disponível para os visitantes de 30 hectares que nenhum outro acontecimento em Portugal oferece, e à organização rigorosa de espaços, circuitos e medidas. Há quem esquadrinhe tudo, na esperança de encontrar uma nesga de falha...

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