Diário Off (17)
Já é
oficial, o Prof. Doutor António Costa Silva, professor do Instituto Superior
Técnico e presidente da Comissão Executiva da Partex, está encarregado de “assegurar
a coordenação dos trabalhos preparatórios de elaboração do Programa de Recuperação
Económica e Social 2020-2030”, e, segundo reza o despacho
de nomeação, “não aufere qualquer remuneração ou abono”.
A nomeação
do chefe do plano decenal foi assunto
no debate quinzenal com o primeiro-ministro, que justificou a necessidade de um
suporte técnico para as decisões políticas que o Governo vai ter de tomar.
Não se
percebe tamanho alarido com esta nomeação, porque é natural que os decisores
políticos tomem decisões informadas tecnicamente. A menos que se pretenda
entregar as decisões de facto a tecnocratas, para as travestir, depois, de
decisões políticas de quem tem poder de direito para as tomar.
A
circunstância de o assessor especial para o plano
decenal de António Costa não ser remunerado nem receber quaisquer abonos pode
não ser uma boa ideia. Se é trabalho, deve ser pago de forma transparente e
justa, até para assegurar a independência técnica de quem o presta com o estatuto
de técnico aliás hoje invocado por António Costa no Parlamento.
Por falar no
Parlamento: andou mal o primeiro-ministro no debate a escusar adiantar aos
deputados dos quais depende os planos para a nova versão do lay-off simplificado e outras alterações
em vista que fará aprovar no Conselho de Ministros de amanhã.
Se acontecerem
alterações facto ao Código de Trabalho, que é matéria da competência da
Assembleia da República, a coberto e a pretexto da emergência económica e
social, António Costa não poderá queixar-se das consequências de uma fuga para
a frente…
O deputado do
Chega ofereceu-nos mais uma chocante manifestação de racismo, ao insistir na
afirmação de que “há um problema com os ciganos”. Percebeu que a sua retórica de
ódio tem os seus seguidores e não vai largar o filão.
O problema
não está apenas no deputado Ventura, no seu partido e no seu discurso; está
muito na facilidade com que a narrativa da prevenção da pandemia a qualquer preço
resvala com enorme facilidade para a culpabilização dos pobres e das minorias e
para sugestões, mais ou menos conscientes, da sua segregação.