Diário Off (22)
O ex-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos John
Bolton continua a fazer “revelações” sobre o seu estreito convívio com a figura
que ocupa a presidência dos EUA, que sabíamos ser tosca e que ele aparentemente
procura ridicularizar a depreciar ainda mais, num livro que há-de chegar às
livrarias de todo o mundo.
É necessário cuidado com as ilusões sobre as revelações e as
expectativas que o lançamento está a criar: não é por desdenhar de Donald Trump
para gáudio da imprensa desatenta e dos consumidores da literatura do género
que Bolton deixa de ser um perigoso falcão belicista que a extrema-direita colocou
a controlar o presidente e que não deixará de atribuir-lhe outras tarefas.
Reina no mundo mediático e nos círculos da direita grande
excitação com a possibilidade de virem a ser impostas uma cerca sanitária a
Reguengos de Monzaraz e à Área Metropolitana de Lisboa, com o presidente da Câmara
de Ovar a reclamá-la com um discurso de tal maneira revanchista que pode gerar
uma mistura de ânimos muito perigosa.
Esta noite, um programa da RTP chamado Prós e Contras vai dar espaço à pelos vistos
candente questão do teletrabalho, lançando a pergunta de “veio para ficar”.
Devido a compromissos inadiáveis, não poderei assistir em directo, mas não me
custa a crer que seja mais uma contribuição para dar gás à narrativa da
inevitabilidade da “solução” e ao engodo de que dá jeito aos trabalhadores.
Lá diz o velho ditado: “Com papas e bolos se enganam os tolos”!