Notas de pré-campanha (37)


1. Tem fama a feira da Santana, freguesia de Leça do Balio, concelho de Matosinhos. Mas o recinto está hoje rarefeito em tendas e escasso em vendas. “Comprem alguma coisinha, ainda não vendi nada hoje”, implora uma vendedora de adereços multicores – luvas, cachecóis, guarda-chuvas. “Veio uma chuvada das grandes quando os feirantes chegaram. Muitos nem chegaram a montar as tendas, foram embora. Aliás, outros não chegaram a vir”, conta o dono de uma carrinha de comes-e-bebes. “E também não há dinheiro, isto está a cair de semana para semana…” Um vendedor contaria com o pragmatismo de veterano: “Há dinheiro, há; está é mal distribuído”. Tem razão: os 5% mais ricos possuem mais de 42% da riqueza do país. “Ora aí está!” Por isso propomos o aumento dos salários. “E é justo! Continuação de boa campanha!” Fazemos falta na Assembleia, é o que ouvimos de muitos. “Cuidado com os salazarentos! Força para vocês!”
2. Acção de contacto com comerciantes e população na zona da Boavista, no Porto. Numa loja, a dona repete o lugar-comum “Todos prometem isso”, quando falamos no aumento dos salários e das pensões e reformas. Se prometem, não cumprem: o PCP já o propôs, os outros votaram contra. “Pois se é assim, fazem bem em continuar.” Continuamos. A chuva intermitente dificulta a conversa na rua, mas a simpatia com que o panfleto é recebido anima a equipa. “Força! Boa sorte!” Num café, uma senhora pede: “Quero um para mim e dois para duas amigas”.
3. “Obrigado! Claro que vou votar na CDU! Lá em casa somos quatro.” O homem detém-se por momentos, interrompendo a marcha à saída do Gaiashopping para receber o documento com as propostas e a lista do círculo do Porto. Ao entardecer, o movimento nos acessos ao centro comercial acelera, com casais revendo a lista de compras. “Dê-me a mim, por favor!” É uma voz de mulher, firme, decidida. O marido acabara de recusar o panfleto. Ela toma-a o abre-o de forma resoluta, lendo-o enquanto caminhava. Nisto, um casal com duas crianças vem de dentro com um carrinho de compras para pedir o documento e para nos cumprimentar. “É preciso dar mais força à CDU, estou sempre a partilhar as vossas informações nas minhas redes”, diz ele. Perguntamos pelas crianças – o mais novo ainda não ainda na creche, o mais velho sim. “Gratuita, graças ao PCP!”, repete. E mostra o telemóvel com as partilhas. “Vamos dar mais força, sim, estamos sempre a dizer isso!” Bela tarde!

Mais informações na página da CDU - Distrito do Porto

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