Notas de pré-campanha (30)

1. O dia começa com uma acção de contacto com a população e comerciantes na Rua Afonso Henriques, em Rio Tinto, ora fugindo à chuva, ora aproveitando as tréguas. Num café da zona da Areosa, um grupo de idosos conversa com vagar entre a clientela apressada pelos afazeres da vida. Recebe a propaganda com simpatia. Há um que expressa as suas dúvidas. Fazemos assim: se discordar de alguma das 12 prioridades propostas, não vota CDU. Ele ri com vontade. Adiante, uma senhora toma a iniciativa de pedir o documento. “Temos de os enfrentar, para que não julguem que isto é tudo deles!”, justifica.

2. Na empresa Ficocables, na Maia, é dia de greve a três horas de trabalho em cada turno, em defesa do aumento dos salários, contra a discriminação e pelo fim da avaliação de desempenho, que os trabalhadores consideram injusta. As potentes colunas da carrinha sindical animam com música e slogans – “Porque é mesmo necessário”, recita o animador do SITE-Norte, “O aumento do salário”, completam os trabalhadores ni piquete de greve – a massa de operários que se aglomera à porta da empresa. E, depois, numa única voz vigorosa: “Fico, escuta, os trabalhadores estão em luta!” Hoje, estamos com estes trabalhadores, como estamos ao longo do ano, ao longo dos anos, sempre. É uma marca distintiva do PCP e da CDU: estar com quem trabalha. “Sabemos com quem contamos!” À tarde, em Ermesinde, uma trabalhadora entregará ao secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, um manifesto de apoio à CDU com mais de 160 assinaturas recolhidas na empresa.

3. A jornada de campanha prossegue na metalúrgica APICO, também na Maia, em contacto com os trabalhadores na troca de turno. Apesar do cansaço, há sorrisos francos de quem sai quando um activista nos apresenta: Fulano, candidato da CDU. “Muito gosto, boa campanha!” E vem de lá um cumprimento de mãos vigoroso e fraterno. “É preciso dar mais força a quem luta por nós!” Em nome dos subscritores, um trabalhador e activista sindical faz-me portador de um abaixo-assinado com 111 trabalhadores - para já- de apoio à CDU. É uma honra!

4. Vamos agora de fugida para Ermesinde, onde nos encontraremos com Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, em breves entradas em estabelecimentos comerciais. Ponto obrigatório inicial, o café Gazela, não é apenas um ponto emblemático de encontro e convívio: é um símbolo local dos efeitos da lei dos despejos. Em breve, vai ter de encerrar as portas, porque o proprietário há 52 anos não resistiu à investida do senhorio para um aumento incomportável da renda. Disso falará o Paulo na breve intervenção consentida pela brecha na chuva, perante um mar de bandeiras e apoiantes da CDU. Assim como das ameaças que por aí pairam: “Não é este partido que durante 48 anos enfrentou a besta fascista a temê-la!”

5. A jornada termina ao final da tarde com um animado encontro, no Maus Hábitos, no Porto, com mulheres e homens da Cultura, durante a qual Susana Ralha, professora, música, autora, candidata independente pela CDU faz uma extraordinária intervenção sobre a ideia que temos do que seja a Cultura e que talvez não seja a mais acertada. Logo praticamente no arranque, pôs-nos a pensar de supetão nas diversas manifestações da captura da fruição cultural pela burguesia e na captura da Cultura pelo poder, ao recordar que a Casa da Música foi de facto inaugurada pela malta dos bairros do Porto que participou num projecto que dinamizou, embora os holofotes da inauguração formal fossem dirigidos para as autoridades de turno. É de socos no estômago como estes que também se faz a campanha da CDU.

Mais informações na página da CDU - Distrito do Porto

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