Notas de campanha (3)


1. De repente, uma mulher aproximou-se, levantou o punho direito e gritou “Agora é a vez do Partido Comunista Português!” A voz da oradora que intervinha na tribuna pública da CDU sobre trabalho, entre o acesso à estação de ferroviária de Campanhã e o acesso ao Metro, sobrepunha-se à da estranha. Mas ela repetiu, determinada, puxando pela voz: “Agora é a vez do Partido Comunista Português!” A pequena multidão de participantes na iniciativa irrompeu em aplausos. Ela aplaudiu também, feliz, creio, e partiu como chegou, engolida pela fila incessante que se dirigia para o Metro. Estamos a caminhar para o final do dia e, na tribuna, sucedem-se testemunhos tocantes sobre problemas dos trabalhadores. Retenho em particular o recitativo comovente do Eduardo Andrade, técnico de manutenção, dirigente sindical, candidato na lista da CDU, a contar os dias e as noites dos “filhos dos turnos”, crianças privadas do convívio, do jantar, das histórias da escola, com os pais, das notas dos testes partilhadas por telemóvel, despidas do calor de um abraço. Vidas e condições que contam para o PCP, o único partido que, na sua intervenção, atribui ao trabalho e aos trabalhadores a centralidade que exige.
2. O dia começou em Valongo, com uma acção de contacto com comerciantes e a população no centro da cidade. Uma lojista recebe-nos com um sorriso contagiante e toma logo o panfleto. “O meu marido e o meu sogro são comunistas!” Há orgulho nas palavras. E influenciam-na? “Também penso por mim, mas, claro, também voto na CDU!” Noutro comércio, uma lança o desafio: “Quero saber: quando é que acabam as listas de espera?” É um caso de desespero: “Estou há 25 meses à espera de uma cirurgia!” Não prometemos datas, comprometemo-nos a continuar lutar pela valorização do Serviço Nacional de Saúde, do reforço dos hospitais em médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico; quanto mais deputados tivermos, mais força teremos.
3. O início da tarde corre em Matosinhos. Num snack-bar, um homem conclui o almoço retardado com vagar. Dá-lhe para discorrer connosco sobre o que vale nas televisões em comunicação política – o desempenho do líder. Só isso conta, e por isso recusa a propaganda. É “a forma como o líder comunica” que conta, as “verdades que diz e mais ninguém diz” que determinam as escolhas. É-lhe indiferente o conteúdo das propostas dos partidos. “Isso não interessa! É por isso que … … passa bem.” Pois, caro amigo, mas se calhar isso faz parte de uma estratégia mediática que não tem nada a ver com os interesses das pessoas. Por isso é que fazemos questão de entregar o nosso compromisso, as nossas propostas. Ela acede, abre, passa os olhos pelo documento. “Sim, vou ler isto com mais calma.” Adiante, uma senhora desespera com o conflito com a senhoria. “Pago 400 euros de renda numa ilha, está tudo cheio de humidade e ninguém me ajuda!” É um caso sério. Por isso a CDU aponta a Habitação entre os temas mais prioritários – resposta do Estado com habitação pública destinada às várias camadas da população, especialmente para a que vive em condições degradadas.
4. Ao final da tarde, encontro, em Campanhã, com trabalhadores ferroviários, um grupo profissional cujos salários estão congelados há quase 15 anos e que é urgente valorizar. É uma das preocupações, mas há mais. Nas conversas, sobressaem as exigências de melhores condições de trabalho, da reversão das subconcessões e de reforço da CP.

Mais informações na página da CDU - Distrito do Porto 

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