Notas de pré-campanha (26)
1. “Já
não acredito em nada, já não vai lá!” O homem enfia as mãos nos bolsos do
blusão grosso, abana a cabeça e insiste: “Não vejo jeitos de isto mudar”. Se
não tentarmos mudar, não muda; por isso cá andamos. Ele faz uma careta e abana
a cabeça. Acredite, o que está no panfleto não são promessas, são propostas que
temos feito, mas os do costume – PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal têm votado
contra – e só há uma maneira, que é reforçar o PCP e a CDU. O feirante revê o
documento. “Pois, é o PCP, um partido que sei de palavra.” Estamos na feira de
Valongo, fria de clientes, gélida no ar. De repente, a chuva desaba numa
torrente empurrada pelo vento, que arranca duas presilhas de um toldo. Uma
feirante grita de desespero, a mercadoria ensopada, o dia mais perdido do que
estava. Vamos lá melhorar a vida dos clientes? “Claro, e a minha!” Então veja
as propostas da CDU, se não fica mesmo a ganhar… O comerciante atenta no
documento com as principais medidas para o país e para a região. “Ai melhora,
melhora!” Adiante, numa das tendas, dois manequins pontificam sobre a banca. Reparo
o feminino, em primeiro plano, elegante… “É a mulher perfeita!” Como? “Está
sempre caladinha!”, nota a feirante, rindo. Um camarada comenta: “Devia ser um
tédio!...” Ela ri com vontade à conta da graça. “Boa sorte, que o meu voto já
têm!” Adiante, outra vendedora escusa manifestações. Aceita o panfleto
educadamente e promete: “Vou ler com atenção, podem crer.” Ex-jogadora, é
treinadora de Futsal e fala das competições com entusiasmo. Ora, o Estado deveria
apoiar mais o desporto, nisso temos insistido, damos até o exemplo – veja-se os
das autarquias CDU, como a do Seixal… Sorri. “Vou ver.”
2. Na urbanização Vila D’Este, em Vila Nova de Gaia, empreendimento maciço onde vivem 17 mil pessoas, tantas ou mais do que alguns concelhos do país, um casal de idosos desce devagar a rua inclinada. Temos proposto aumento das pensões e reformas. “É bem preciso, que isto vai uma miséria”, dizem à uma. Por isso é preciso dar mais força – mais deputados – ao PCP e à CDU. Problema, nas palavras de uma senhora dois ou três prédios adiante, é que “a CDU não dá esferográficas, nem mochilas, mas dos outros há os que dão…”. Se calhar os outros têm quem lhes pague os brindes… “Às tantas…” Está a ver mais uma das grandes diferenças? No bar do Grupo Desportivo Cem Paus, um sócio conta a história e o percurso da colectividade com orgulho. Interesso-me pelos tempos em que tinha xadrez. E agora não tem porquê? “É uma modalidade que fica cara, com deslocações para longe, despesa de deslocação, as refeições, etc.” Nós defendemos apoios para as colectividades, o fomento desportivo… “Eu sei bem o que o PCP propõe, por isso voto como tenho votado…”
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