Notas de pré-campanha (35)


1. “Temos essa missão nas mãos, não é, no dia 10 de Março?” A trabalhadora no Marshopping, em Matosinhos, vinca cada palavra, como se fosse a definitiva. Sabe que nas próximas eleições legislativas muitas coisas podem mudar nas vidas de todos. Nas dos trabalhadores dos centros comerciais. Vem a talhe de foice – melhores salários, redução dos horários, mais dias de férias, regulação do trabalho nocturno e por turnos, encerramento dos shoppings aos domingos e feriados. “Será que vai para a frente?!” A pergunta repete-se de loja em loja. Vai, claro: a iniciativa legislativa de cidadãos já tem mais de 25 mil assinaturas e é com os deputados do PCP que podem contar para a apoiar. “Vamos a isso, tem razão, é a hora de dar mais força à CDU!”, pontua outra, apontando o panfleto de campanha.

2. O assunto vem evidentemente ao topo do temário nos contactos com trabalhadores no centro comercial Parque Nascente, Rio Tinto, Gondomar, onde começamos a tarde. “Era tão bom! Nunca estou com a minha filha…”, desabafa uma trabalhadora. É isso que a CDU defende – na Assembleia da República e nas assembleias municipais. “E ninguém morre por o centro comercial está fechado”, atalha outro. “Nem durante a pandemia, nem nos outros países da Europa.”

3. “Ó camarada, a gente não ganha, mas é muito importante estarmos lá!” Como num coro, a frase, mais palavra menos interjeição, repete-se em São Pedro da Cova, onde estamos agora. Homens, mulheres, gente que sabe o que quer, com luta e resistência a correr nas veias. Vai-se de estabelecimento em restabelecimento, ou de rua em rua, e a ideia lá está. “É importante ter o PCP, a CDU, na Assembleia. Se não fosse, quem seria a defender-nos?” Cai a tarde. Um ou outro colocam a dúvida. “Está assim mau? As sondagens, que diz?” Que não ganham eleições. Na Madeira, também davam o Edgar Silva desaparecido, e quase elegíamos o segundo deputado. “Ora pois, é assim mesmo!” Quando damos conta, a noite vai descendo sobre o bairro mineiro. Aviam-se as últimas compras nas mercearias, aviam-se os últimos copos nos cafés, regressam carros com gente do trabalho. Uma senhor brinca com o camarada da coluna portátil que debita a Carvalhesa, a fazer as vezes de carro de som. “Isso é fixe, nem é preciso andar a gastar gasolina!” Risota geral. Gente alegre é outra coisa.

Mais informações na página da CDU - Distrito do Porto

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