Notas de pré-campanha (18)

 

1. A meteorologia promete mais um dia com “temperaturas amenas” (a expressão entre aspas não é minha, oiço na rádio a caminho da tarefa), mas um vento frio galga a Rua de Guilherme da Costa Carvalho (ver ligação no primeiro comentário), onde uma porta do “Palácio dos Correios” devora os trabalhadores ao serviço, naquele edifício, da Câmara Municipal. Passa pouco das oito e meia e o carreiro de formigas municipais estuga o passo, mãos generosas estendidas para o panfleto que oferecemos. Propostas da CDU para aumentar os salários… “Isto é que é bom para começar o dia”, sorri uma funcionária. E um colega: “Era bom dar uma oportunidade a este partido”. Então não a perca no dia 10 de Março! “É na CDU que voto sempre!”. Força, então!

2. Na zona de Santo Ildefonso, que reflecte bem o declínio e a gentrificação do centro do Porto, a simpatia dos raros transeuntes é um bom incentivo para esta pré-campanha. “Não sou do vosso partido, mas vou ler-vos com gosto.” Isto diz um comerciante, como poderia fazê-lo aquele homem que ali vai com ar absorto, mas disponível para receber o documento e escutar-nos um pouco a falar-lhe das propostas e das possibilidades de as concretizar. “Acha mesmo?” Claro! Por isso cá andamos. Numa confeitaria, um grupo animado de mulheres conversa sobre a vida. Chegámos a propósito: “Têm razão quando falam da idade das reformas”, diz uma. Ainda lá virá, para elas, a dita idade, mas cuidar de pensar no assunto também é bom…

3. Vamos agora a Cedofeita. Lojas vazias (“Não há dinheiro…”) e gente na rua também não abunda que se veja. Um velhote bem-posto espanta-se quando lhe falo do aumento das pensões e reformas. “Não estou interessado…” Como?! “Eu já tenho uma boa reforma”, justifica. Mas muitos outros não: mais de 70% dos pensionistas e reformados auferem valores inferiores a 500 euros. “Eu já tinha morrido!” Agora pensem… Poderia partilhar vários outros casos, testemunhos, incentivos. Fica por ora este, de uma senhora que nos desejou “muita sorte!”. E mais votos, e mais deputados. “Sim, é possível, pode ser que as pessoas acabem por acreditar que não basta revoltar-se!”

4. Até parece sermão encomendado, mas a fala da senhora de Cedofeita quadra bem com um diálogo com trabalhadores municipais da varredura que vamos esperar ao fim da jornada. “Não vale a pena, os partidos são todos iguais!” É um desabafo, já se vê. Pois se são todos iguais, por que razões não vê aqui os outros a falar com os trabalhadores?; por que não propõem, como o PCP, o aumento do Salário Mínimo Nacional para mil euros – já neste ano em não daqui a quatro anos – e dos salários em geral em pelo menos 150 euros? O número fica a bailar nos ouvidos curiosos. “Quem me dera mil euros!” É possível – assim o tivessem querido o PS e o PSD, que chumbaram as propostas do PCP.

5. Cai a tarde e antecipa-se a noite, ante o frenesim sob a pala do interface rodoviário Casa da Música, onde decorre a sessão de apresentação do “Compromisso Eleitoral dos Candidatos da CDU pelo Distrito do Porto”. Aos candidatos e activistas da CDU juntam-se passageiros em trânsito, curiosos e atentos. Uma repórter que cobria a iniciativa nota, nas perguntas que me fez, a opção da CDU por “locais humildes”, onde há pessoas comuns, para as suas iniciativas. É natural, porque o PCP e a CDU estão frequentemente, ao longo do ano e dos anos, em contacto com trabalhadores nas empresas, nos centros de transportes, nas feiras e outros locais. Por isso sabemos bem do que falamos e do que propomos.           

Mais informações na página da CDU - Distrito do Porto

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