Notas de pré-campanha (25)

1. Em tempos de chuva, e pior ainda se tocada a vento, a vida dos feirantes é uma roda-viva de trabalhos. Lá andam, varas no ar, conjugando esforços de uns e de outros, elevando as depressões carregadas de água dos toldos. E, à uma, num exercício convergente de músculo, destreza e experiência, lá a fazem tombar para o sítio certo. É certo, concorrem uns com os outros no que tange a comércio de fazendas, roupas de fora e de dentro, calçado e toda a sorte de mercadoria que nelas se vende, mas já no que exige solidariedade, outro galo canta. “É claro que temos de nos ajudar uns aos outros”, explica a vendedora. Na feira de Lousada, um camarada da brigada da CDU interpelara-a sobre como se entendem todos para atar as espias, umas sobre as outras, umas às vezes presas ao para-choques da carrinha do vizinho. São coisas que encantam, prodígios de engenhosa entre-ajuda que dão que pensar. E hoje, ainda por cima, com a chuva copiosa e clientela que rareia muito – carteiras com dinheiro a menos, tempo com chuva a mais, justifica-se virem para aqui às quatro ou cinco da manhã, a trabalheira de montar isto tudo?, deu-me para perguntar. “Temos de vir, o lugar está pago, pode vir alguém.” É inquietante a resignação que vai na boca deste feirante. Mas, não, não é generalizada. Ouçamos aquele adiante: “Isto está cada vez pior, está tudo a ir embora e a fazer vendas directas, não têm de estar colectados nem pagam impostos”. Como se já não bastasse a concorrência das grandes superfícies, vem agora a concorrência das vendas informais via Internet. É claro: somos contra as injustiças. Um outro atesta: “O PCP é o único partido que nos tem defendido. Então quando foi da pandemia defendeu que as feiras continuassem”.

2. À saída de uma fábrica de calçado em Felgueiras, os trabalhadores – na maioria mulheres – apressam-se sob as bátegas frias da chuva que teima. A abordagem tem de ser breve e directa – aumentar os salários, reduzir os horários de trabalho… - e a entrega do documento eleitoral da CDU deve ser suficientemente ágil, mas há momentos de diálogo. “Isso é que era bom!”, responde, por exemplo, esta operária. Era bom e é possível, é isso que o PCP tem proposto. E a companheira atalha: “Olha que se os comunistas propõem, é porque acham que se consegue”. São testemunhos de quem nos conhece. Outros quase dispensam palavras, que o estado do tempo, já se fez ver, não autoriza colóquios. “Dá cá o panfleto, já sabes com quem estou!” É um conhecido. No dia 10 de Março, lá estaremos.

3. Centro de Felgueiras. Os aguaceiros intervalados vão permitindo alguma circulação pelas ruas, entrar com menor pressa nas lojas e nos cafés, dar a conhecer as nossas propostas e ouvir as perguntas e responder-lhes. “Tem aqui dentro alguma nota de 500?” Que talvez, se a senhora fizesse bem as contas. Vejamos: considerando o aumento do Salário Mínimo Nacional para mil euros, já neste ano e não em 2028, o aumento dos salários em pelo menos 15% e em pelo menos 150 euros para todos, o aumento das pensões e reformas em 7,5% e em pelo menos 70 euros, é só fazer as contas às notas de 500 que fica a ganhar. “Está a prometer, é como os outros…” Não são promessas, são propostas que o PCP fez há meses. “Bem, se é assim…”           

Mais informações na página da CDU - Distrito do Porto

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