Notas de pré-campanha (28)

  

1. “Criticavam o Paulo Portas por andar pelas feiras, até lhe chamavam o ‘Paulinho das feiras’, e agora também por cá andam?!” A senhora atira a provocação, o feirante a quem comprava olha-nos à espera, olho solidário. Que nunca chamámos tal coisa a Paulo Portas e que andamos nas feiras há muitos, muitos anos. Mas, já agora, também andamos pelas fábricas e por outros locais de trabalho, e nunca o vimos a falar com os trabalhadores, nem com os pobres. “Pobres e ricos sempre os houve e precisamos tanto dos ricos como dos pobres.”. Os pobres não são precisos e temos é de acabar com os 2,1 milhões de pessoas em risco de pobreza e exclusão social, por isso fazemos as propostas que fazemos. Subimos agora o enorme campo da feira de Paredes, recinto cheio de clareiras de tendas ausentes (“Não há dinheiro, isto está mal!”, escutamos amiúde). Um feirante de roupas declina amavelmente a oferta do panfleto. “Já me deu na feira de Lousada. E olhe que já li, já li tudo!” E que tal as nossas propostas? “São boas, são bem boas, vamos lá ver se se consegue melhorar isto, ajudavam!” E levanta o punho direito cerrado. Na zona das frutas e legumes, outra também escusa o documento. “Já me deu em Lousada e olhe que li tubo muito bem e gostei das propostas, estou a ser sincera. Espero que tenham muitos votos, que o meu lá estará! – É no dia 10 de Março, não é?”

2. É intervalo para almoço numa fábrica de vestuário em Penafiel. Dezenas de operárias emergem do fundo de um portão em passo lesto. As de perto vão a casa comer; as de longe arranjam-se nalgum sítio na zona onde possam sentar-se com as lancheiras; outras ficam na cantina, onde deixam o subsídio de alimentação. São vidas medidas, cálculos de necessidade. Melhores salários, redução dos horários, avançamos, oferecendo o documento com as nossas propostas e a lista de candidatos pelo círculo do Porto. As trabalhadoras aceitam com sorrisos e esperança – “Isso, é disso que precisamos!” – mas também cepticismo – “Isso é que era bom… Não vejo jeitos…” Pois então veja o que aí propomos, porque é merecido e é possível. “Será?!” Sim, mas é preciso reforçar o número de deputados da CDU. “Só isso? Vamos lá!”

3. Ao início da tarde, entrevista ao jornal regional “A Verdade”, sobre as prioridades defendidas pela CDU para o país, mas sobretudo para a região do Vale do Sousa e do Vale do Tâmega, com destaque para a reposição da linha do Tâmega, a conclusão do IC35, que tem menos de um quilómetro de via realizada, o aproveitamento do Hospital de Amarante e a melhoria das condições do Hospital do Padre Américo, em Penafiel, a abolição das portagens nas ex-SCUT, para além das prioridades nacionais para a valorização dos salários e das pensões, para a resolução do problema da habitação e a valorização da escola pública.

4. Ao fim da tarde, reunião com professores contratados em situação de vinculação dinâmica, um regime que o PCP contesta, por impor condições inaceitáveis para o acesso a um direito – a estabilidade – que é dos professores, pois defendemos a vinculação automática para os professores e educadores com três ou mais anos de serviço e sem qualquer outra condição.

 

Mais informações na página da CDU - Distrito do Porto

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