Notas de pré-campanha (6)

1. Há dias assim, longos, ricos, que duram até ao tutano. E é muito gratificante partilhá-los mesmo quando já vamos entrando pela madrugada. Foi assim hoje, também hoje, sexto dia do que se pode convencionar como pré-campanha, mas que, para os comunistas e para os amigos do PEV, da Intervenção Democrática e para os independentes – democratas e patriotas sem filiação partidária que estão neste projecto unitário – é já uma tarefa de contacto, de informação, de esclarecimento, de consciencialização e de mobilização.

2. O dia começa ainda manhã cedo na Feira da Senhora da Hora. O camarada João Pimenta Lopes, deputado do PCP no Parlamento Europeu, lança o mote: “Tudo a aumentar, só as carteiras estão vazias!”. É uma espécie de soco no estômago. Já tinham dado conta? A equipa da CDU corre o recinto, distribui o documento central da CDU, responde às perguntas, esclarece, mobiliza. Há quem rejeite. Há outras vozes. “Dê-me a mim, por favor. Obrigada!” É tão gratificante ouvir esta toada que nos anima, mas também as vozes que nos interpelam…

3. Estamos agora na Afurada, terra de orgulhosa e valorosa gente, feira pequena, quase familiar. Um casal com uma menina pequena e outra na barriga da mãe, à espera de ver mundo, percorre o recinto devagar, declina educadamente o documento que lhe oferecemos. Desejámos-lhes as maiores felicidades. Somos assim, não temos emenda: por alguma razão andamos por vcá há 103 anos. “Obrigado.” Adiante.

4. Vem agora ao caso o problema dos pescadores da Afurada. Conversa directa, franca – quem não estiver disposto nem disponível para estas coisas, que mude de vida ou de tarefa. O João Pimenta Lopes (já escrevi acima, deputado do PCP no PE) sabe disto como poucos e eu lá vou tentando acompanhar. A coisa descreve-se de forma rápida: de 15 barcos, apenas seis operam e sabe-se lá por quanto tempo, se não for garantida a venda de pescado (no caso, sardinha) levado à lota e se não forem apoiados os pescadores condenados a apenas seis meses de trabalho por ano.

5. Agora, passemos a consulta para a conversa para os café e estabelecimentos da Afurada, coisa breve, rápida, clara, sincera. “Então é para mudar isto para melhor? CDU, pois claro!”

6. Num fósforo, eu e o João Pimenta Lopes estamos novamente na margem direita do Douro, na antiga Junta de Freguesia de Massarelos. Motivo: audição pública sobre Educação, Ensino Superior e Ciência. O tema justificaria pelo menos um congresso. Retenho, como linhas de reflexo, o enunciado da “demagogia do nosso tempo”, como a designou com felicidade Rui Pereira, investigador e professor universitário em Ciências da Comunicação, ao chamar a atenção para três conceitos que comandam a vida dos universitários – empregabilidade, internacionalização e competitividade. Tendo tido o privilégio do encerramento da iniciativa, propus um a reflexão sobre a semântica armadilhada que estas concepções traduzem, mas sobretudo a captura das consciências e da capacidade de decisão autónoma dos cidadãos. Mas retenho igualmente, com um protesto veemente, o testemunho de uma estudante de mestrado, dando conta da explicação da directora da sua faculdade para o valor elevado das propinas – a de que é necessário preservar “o prestígio” da dita escola. Como?! Meio século depois do 25 de Abril e da conquista da escola pública, democrática e inclusiva, ainda vêm com estas tretas do prestígio e perspectiva anacronicamente elitista do ensino superior?!!

7. O dia acaba, noite fora, com um magnífico jantar (e um excelente momento musical no final) na sede do Rancho Folclórico de Santa Eulália de Lamelas, concelho de Santo Tirso, caracterizado por uma imensa alegria e pela convicção de que é possível eleger pelo menos o camarada João Ferreira, segundo candidato da CDU no distrito do Porto. Isto vai, camaradas, isto vai!


Mais informações na página da CDU - Distrito do Porto


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