Notas de pré-campanha (15)
1. Como
milhentos salteadores armados de finas navalhas invisíveis, o vento frio da
manhã desce da serra e fustiga os rostos. “Vindes cedo! Não tendes palha no ninho?”,
brinca a velhota simpática, galgando com destreza a rampa da feira de São Pedro
da Cova. Que não, que é preciso. “É preciso sim senhor, que isto está mal.
Temos de ganhar mais gente”, devolve, animando. Uma vendedora atesta: “Isto
está mal, as pessoas ou comem ou pagam a casa”. É como se fosse uma sentença
irrevogável? A gente confia: é preciso melhorar isto, com aumento dos salários…
“Pois, o dinheiro é pouco, não chega ao fim do mês…” E muitas vezes nem a
metade. “Pois olhe que, quando recebo, primeiro pago as minhas obrigações. Se o
dinheiro não chegar, come-se menos, se não houver conduto, come-se só sopa…”
Então, vamos ver se no dia 10 de Março fazemos com que os salários e as pensões
e reformas aumentam, porque quem trabalha ou trabalhou uma vida inteira também
tem direito a um mês completo de rendimento. “Era isso!”
2. À
porta da Unidade de Saúde Familiar de São Pedro da Cova, repetimos a mensagem à
passagem dos utentes. E eles: “Era bem preciso!” E é possível. “Eu bem sei com
quem conto, com o PCP, o meu partido de sempre!”, aponta um. E outro,
encurtando o passo: “O problema é que o povo não abre os olhos”. Há que passar
a palavra. Ora, “isto não vai só de letra!” Estão dois homens à conversa à
porta de um café e isto disse um deles. Pois tem toda a razão, mas dê lá duas
de letra com a família, os vizinhos, amigos, os colegas, para que a CDU tenha
mais força!
3. Visita
às proximidades dos terrenos das escombreiras da mina de carvão de São Pedro da
Cova onde, décadas a fio, jazeram milhares de toneladas de resíduos perigosos.
Os camaradas da freguesia e do concelho de Gondomar andam preocupados com a
falta de descontaminação do solo e com o abandono da entrada para o Parque das
Serras, uma área de paisagem regional que continua muito longe de ser
valorizada e gerida como deve ser e dominada por eucaliptos, acácias e outras
invasoras, por “monstros”, entulhos e outros resíduos de toda a espécie.
4. Tarde
inteira dedicada ao contacto com a população e com comerciantes do centro de
Paredes. Conta-se de forma simples e profunda. Simpatia (“Boa sorte, que corra
bem – ou, na variante ‘muito bem’ – para os senhores!”), gosto e paciência de
um lado e do outro para ouvir (“Se calhar não é bem assim”, ou “Veja bem”, por
aí fora, e a gente a falar e a escutar com gosto, que isto “É a democracia a
funcionar”, na leitura de uma jovem comerciante) e para duvidar (“São todos
iguais, como é que vão fazer diferente?!”). Neste ponto, questão de palavra, já
se vê, há que esclarecer que o que a CDU aponta como diferente dos outros é exactamente
o que temos feito – propostas, propostas… e os outros toca a chumbar. “Mas não se
vê nada na televisão!...” Ora então quer que lhe explique?, aqui vai… Esta
jovem mãe que coa o fim da tarde com o petiz de creche no jardim municipal bem põe
o dedo em riste, num protesto contra a falta de um lugar gratuito. Explicamos:
o PCP defende uma rede pública e a resposta para todos, e é por iniciativa dos deputados
comunistas que a creche gratuita foi lançada. “Ah!, é bom saber!” Cai a tarde e
encaminhamo-nos para o fim da tarefa. Numa paragem de autocarro, um jovem
aguarda o transporte com o volumoso estojo de um instrumento musical aos pés (será
uma tuba?, nem pergunto). Que não, não precisa do documento que lhe oferecemos.
“Porque não quero!” O tom roça a rispidez. E não quer 1% do Orçamento do Estado
para a Cultura? “Como?!” Insisto na pergunta e aponto ostensivamente com o olhar
o estojo do instrumento incógnito. “Sim, claro! Mas então… Ora deixe ver o
panfleto!”
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