Notas de pré-campanha (4)


1. A feira de S. Cosme/Gondomar é um lugar de desolação e protesto. Faltam clientes porque a ameaça de temporal os terá atemorizado. E falta dinheiro aos clientes. Temos de mudar isto, é preciso aumentar os salários e as pensões e reformas… Um feirante encolhe os combros, carregando no cepticismo: “Aumentam os salários, a produção custa mais, os produtos sobem de preço”, diz. Cabe esclarecer, que é para isso que andamos em mais esta ronda: os salários dos trabalhadores pesam apenas 15% no conjunto de encargos das empresas; o que e necessário é baixar os custos com a electricidade e os combustíveis, reestruturar a nossa indústria para baixar os custos das matérias-primas, apoiar os pequenos e médios empresários, por aí fora. Propostas não faltam ao PCP e à CDU. Noutra tenda duas mulheres discutem uma hesitação comum: “Eu se calhar até votava neste partido, mas não sei se chega lá…” E a outra, revirando o documento: “Mas então se dermos a oportunidade de ter mais deputados…”

2. À tarde, reunião e visita de trabalho ao Centro Social de Ermesinde, uma IPSS com trabalho destacado nas áreas da infância, juventude e terceira idade, cujas actividades, problemas e necessidades tivemos oportunidade de conhecer melhor. O PCP e a CDU são assim: em contacto permanente com a realidade no terreno, conhecendo e estudando os problemas à escala real. Não há outro partido tão ligado à vida.

3. À noite, audição pública com trabalhadores da saúde – médicos, enfermeiros, psicólogos e outros – sobre a situação e perspectivas do Serviço Nacional, as condições de trabalho, a falta de interesse dos jovens médicos por especialidades fundamentais como a medicina geral e familiar e a medicina interna, o reforço da capacidade dos centros de saúde e dos hospitais, a qualidade e a segurança dos serviços à populações, mas também a ofensiva da direita em defesa dos negócios privados da doença. Uma garantia se pode deixar: o PCP critica as condições actuais e para elas faz propostas, mas não alinha no discurso do caos e não pactuará com qualquer tentativa de desmantelamento do SNS.

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