Notas de pré-campanha (13)
1. Isto de opiniões e diversidade de pensamento é como as fazendas e os chapéus nas feiras e nas lojas com requinte – há-os para todos os gostos, e com isso nos temos de governar, que a democracia funciona assim e às vezes surpreende-nos com as voltas que dá aos assuntos, até parece ser certo aquele rifão da água mole que fura a pedra dura. Esta jovem grávida, por exemplo, que aqui está na feira de Amarante declinou com bons modos – e nós com modos bons a tratámos – o documento da CDU. Bem precisava de uma creche gratuita, mas não preenche todos os requisitos. A gente insiste: é preciso garantir a creche para todas as crianças e para isso o Estado deve assegurar uma rede pública. Pois bem, andamos, andamos, ziguezagueamos entre tendas de feirante e banca de mercado e aqui estamos outra vez frente a frente, mão estendida com o desdobrável, a outra que o aceita. Vamos a outro caso, o desta feirante que interrompe com um veemente “o que é preciso é saúde, saúde à frente de tudo”, quando a informamos sobre a necessidade de melhorar os salários e as pensões. Sim, mas como se pode ter saúde se o dinheiro não deixa que nos alimentemos como deve ser, ou comprar os medicamentos de que precisamos?... “Ora, é isso! Tem razão, dê cá o papel”.
2. Extra-campanha
#1: Concentração de trabalhadores da Altice na Avenida dos Aliados, no Porto, em
defesa do direito à negociação colectiva e rejeitando a indecorosa proposta da
empresa de aumento de 1,6% – apenas mais uma décima do que na reunião anterior –
nos salários. Em nome da CDU e a convite do Sindicato dos Trabalhadores das
Telecomunicações e do Audiovisual (SINTTAV), tomo a palavra para saudar a
iniciativa e lembrar que as operadoras de telecomunicações estão entre os
grupos que mais lucros arrecadam todos os dias e que é justo, necessário e
possível o aumento dos salários.
3. Extra-campanha
#2: Uma delegação de candidatos e activistas da CDU marca presença de saudação
à passagem da expressiva manifestação em defesa do direito à habitação e da
casa para todos. “A habitação é um direito, sem ele nada feito”, entoam os
manifestantes que atapetam a Rua de Santa Catarina. Ou, “Casas para habitação,
não para especulação”; ou “Passamos fome e frio para pagar ao senhorio.” O caso
é sério: 100 mil famílias no país e dez mil no Porto vivem em condições
indignas; as rendas (há quem pague 600 ou 800 euros por um T1!) esmagam os
inquilinos; as prestações aos bancos (12 milhões de lucros por dia só para os
cinco principais) esbulham-nos até ao tutano.
4. O
dia termina com um magnífico jantar com trabalhadores intelectuais e quadros
técnicos organizado pelo do Sector Intelectual da Organização Regional do Porto
do PCP. Uma oportunidade para retemperar forças, que a malta também precisa.
Bom
domingo!
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