Notas de pré-campanha (12)
1. Escutemos
o silêncio quase sepulcral deste mercado. Onde dantes se ouviam pregões – era a
sardinha fresquinha e os nabos de alto lá com eles – apenas uma roda de amolar
reverbera baixinho na enorme nave quase vazia. O rapaz é padeiro, mas afia as
facas do Mercado de Matosinhos depois do emprego. Todos os dias? Não, só à
sexta-feira, que nos outros vai de restaurante em restaurante, mediante chamada
e marcação. O mercado já não é o que era. Facas com serviço activo são poucas e
os clientes são mais raros. Duas peixeiras encostam-se à bancada do fundo, coando
o tempo. Então, não se trabalha? Elas riem, cumprimentam. “Se não há dinheiro,
não há clientes; se não há clientes, não há trabalho.” Mas não tem de ser
assim, a CDU tem propostas para aumentar os salários e as reformas, virá mais
dinheiro. “Ora bem, está certo…” Noutra banca, de frutas e legumes, a vendedeira
engana com a azáfama da limpeza repetida o vazio do negócio. Aceita o documento
da CDU com a franqueza de um sorriso claro e uma tirada sonora, como num pregão
antigo: “Isto já não vai lá nem com balas nem com canhões!” E a malta: “Mas vai
com votos!”. E ela: “Isso sim, pois claro, lá estarei, que o voto é a arma do
povo!”
2. Aumentar
os salários, diminuir as jornadas de trabalho para as 35 horas semanais, sete
horas por dia, aumentar para 25 dias o número de dias úteis de férias, regular
o trabalho por turnos… “Isso é que era!” Com a CDU é possível, já é o que o PCP
tem proposto. Estamos agora ao portão da Hutchinson, uma fábrica de tubos
flexíveis para a indústria automóvel em Campo, Valongo. Entre as duas e as três
da tarde, vagas sucessivas de trabalhadores trocam de turno, uns que entram
solitariamente ou em grupos minúsculos e espaçados; outros devolvidos à rua em golfadas,
quase em hordas de escravos libertos provisoriamente. “Não sei se isto está
para mudar, vejo tudo tão ruim”, desabafa um operário. E outro, ao lado,
toca-lhe no ombro, mostra o panfleto. “Olha que estes estão do nosso lado.”
3. E
quem estará do lado dos reformados e pensionistas? A CDU, como sempre. Direito
à reforma sem penalizações para quem tem 40 anos completos de descontos, aumento
das pensões e reformas em 7,5% e pelo menos em 70 euros para todos são, entre
outros, os compromissos do PCP já traduzidos em propostas. Na Junta de Freguesia,
a reunião com a direcção da Associação dos Reformados de Campo é simpática e
exigente. De “um lado” e “de outro”, sabemos o valor da lealdade das perguntas
e sobretudo das respostas. Uma senhora expõe: “Ganho 323 euros, com o aumento
que veio agora, não dá para nada, só um dos medicamentos que tenho de tomar
custa 70 euros – e agora o resto?!” Façamos as contas: se tivessem sido aprovadas
as propostas do PCP para os aumentos das reformas e a dispensa gratuita de medicamentos
a pessoas com mais de 65 anos e em situação de debilidade económica, o que se
teria avançado!
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