Notas de pré-campanha (2)


1. Manhã cinzenta, nuvens ameaçando desabar. Duas comerciantes na feira da Lixa, Felgueiras, lancham com vagar. A descansar? “Então não se vê que não temos que fazer?” Não é ironia, o negócio está fraco. Falta clientela, porque escasseia o dinheiro. “Mas, votar na CDU? Não sei… todos prometem melhorar.” O PCP e a CDU prometem, mas cumprem: veja as vezes que, na Assembleia da República propusemos o aumento geral dos salários em geral, do salário mínio, das pensões de reforma, chumbados pelo PS, pelo PSD, pelos outros…

2. As conversas afloram opções, memórias. Um comerciante com memória para os tempos muito duros, repete, como num estribilho, uma memória que reteve como um ferrete, de certa vez que foi ao monte com a mãe subtrair ao proprietário abastado um pequeno molhe de lenha miúda para se aquecerem em casa. “Veio o dono da freguesia inteira e obrigou a minha mãe a desfazer tudo, ficou tudo no chão, sem serventia, e nós com frio.” E outro: “Estou descontente com isto, mas nunca vou votar na direita. Bem sei o que os meus pais (rendeiros) passaram para pagar tudo o que tinham ao dono da quinta”. Um cliente trinca um pedaço de pão. Desfere, numa estocada aos saudosistas: “Antes quero o mal de agora que o bem de antigamente”.

3. No centro de Lousada, a tarde corre serena. Quem está aposentado aproveita o tempo, cede à conversa, discorre sobre os partidos. “São todos iguais…” Olhe que não, na CDU somos diferentes. “Todos prometem tudo…” Nós apresentamos muitas propostas – melhores salários, aumento das reformas, por aí fora. “Olhe, tive agora um aumentozito na reforma.” Pois se a proposta do PCP tivesse sido aprovada, teria pelo menos mais 70 euros em cima! “Sim?! Acho que vou ler isto com atenção…”

4. Numa zona industrial de Lousada, à saída de uma fábrica do sector têxtil e vestuário, as operárias estugam o passo rumo ao descanso merecido (mas, antes, à lida da casa), mas abrandam ou detêm-se ao transporem o portão. “Por aqui outra vez?”, ri-se uma delas, estendendo a mão para o documento que lhe oferecemos. Que sim, como sempre, já sabe que não precisamos de eleições para estes contactos com os trabalhadores: cá estamos sempre. Mas hoje o caso é sério: é preciso mudar a situação no dia 10 de Março, dar mais força, mais votos e mais deputados à CDU, para melhorar a vida dos trabalhadores, dos seus salários, a redução do horário de trabalho, 25 dias úteis de férias. “Contamos sempre com o PCP e com a CDU”, replica. Bom descanso!

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