Do acto profundamente político do patriarca católico de Lisboa


Quando o cidadão José da Cruz Policarpo diz, como cardeal patriarca de Lisboa da Igreja Católica, que "o ministério dos bispos é de uma ordem que pode ficar prejudicado se nos metermos na política directa como ela é feita hoje, em que ninguém sai de lá com as mãos limpas" está a praticar um acto profundamente político e não pode ignorar os efeitos desta afirmação. 
Quando responde, na entrevista publicada hoje no JN, que não responde à pergunta (de Alexandra Serôdio) sobre se queria comentar as políticas sociais deste Governo, alegando que responder seria "política directa", mas logo acrescenta, referindo-se à intervenção da Tróica, que "o protocolo internacional é para cumprir", está a dar aos cidadãos (católicos ou não) uma indicação muito clara de submissão à intervenção estrangeira.
Mas está a ir mais longe, numa posição, profunda e directamente política, que, se não tem essa intenção (lá saberá o prelado o que pretende...), produz o inegável resultado da persuasão (política e psicológica) quanto à inevitabilidade das malfeitorias das tróicas nacional e estrangeira e do Governo. Citemos: 
"Se as medidas tomadas são mais justas ou não, nem as analisei... Elas, em grande parte, são o cumprimento de um protocolo que podemos discutir, mas é o que é. (...) Eu não sei dizer se, para a maior parte dos problemas, há mais do que uma solução. Não sei dizer. Desconfio que não há."
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