Sobre o guião do poder de PPC

Consta que Pedro Passos Coelho se prepara para governar e que já um guião para assumir o poder, carregadinho de 365 receitas económicas, ditadas por 55 empresários e gestores e relatadas por um gestor (Pedro Reis), para uma aterradora investida neoliberal a que nada parece escapar, segundo a antecipação da obra que a “Visão” publica hoje.
Em matéria de trabalho, o guião retoma em força os entendimentos em curso entre José Sócrates/Helena André e os patrões. Em muitos outros sectores, ataca com toda a fúria privatizadora ou resume tudo a mero exercício de gestão, como se a Educação, a Saúde e a Justiça fossem meros negócios.
No afã de reduzir tudo – o País incluído – a uma empresa, o livro atira a alvos recorrentes como a RTP, brandindo a sua privatização e/ou desmantelamento; as relações entre a Justiça e os media, ameaçando “tomar medidas violentas para acabar com a exagerada proximidade entre a Justiça e os media” (cito da revista); e a regulação do sector, propondo a redução do número de reguladores, “sendo a Anacom e a ERC absorvidas pela Autoridade da Concorrência”.
Mas o problema não é só um senhor que sonha ser primeiro-ministro encomendar um livro de receitas ditadas pela nata do capitalismo português (sim, estão lá os do costume) e do sector (Balsemão incluído, quem havia de ser?!) para usar quando, e se, se chegar à cozinha do poder. O problema é que o senhor que lá está tem andado a preparar-lhe o trem e a aquecer-lhe o forno.

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