Segredos da Economia Sexy

Confesso: não sou propriamente um frequentador e muito menos sou cultor de expressões estrangeiras (geralmente, maciçamente, anglo-saxónicas) para traduzir conceitos, métodos, estados de alma, características, e por aí fora. Mas gosto – e necessito – de perceber o que significam quando as leio ou ouço.
Confesso também que, talvez por andar mais distraído e ocupado com outras coisas do que gostaria, ou por a área económica da informação ser uma das que menos me cativa, nunca, que me recorde, tinha ouvido ou lido as seguintes expressões: “mercado sexy” e “empresa sexy”.
Cada uma delas aparece em outras tantas peças diferentes no caderno de Economia do “Expresso” de hoje. Mas em nenhuma delas são apresentadas as respectivas descodificações.
A primeira refere-se ao mercado dos seguros. Bem procurei no texto. Mas não logrei um vislumbre que fosse do que possa ser semelhante, mesmo a forçar a nota, sequer a um atributo sexualmente relevante, segundo a descrição da coisa feita por um gestor da área e em cuja boca o jornal pendura o qualificativo.
A segunda surge numa declaração, destinada a ter efeito, de um responsável de recursos humanos num debate que reuniu “Cinco Melhores Empresas para Trabalhar”. Disse ele: “Costumamos dizer que queremos ser uma empresa sexy”. Procurei, procurei e também não encontrei o mais leve indício de sex appeal num operador de transportes colectivos.
Como nenhum dicionário, nenhum dicionário, nenhum dos livros que tinha à mão me permitisse alcançar tão elaborados quanto inalcançáveis conceitos, socorri-me de um motor de busca na Rede e escrevi as referidas expressões.
Num instante, as entradas listadas, suficientemente explícitas sobre a natureza de outros mercados e outras empresas sexy, levaram-me a concluir que, afinal, a Rede parece estar tão mal dotada como eu de conhecimentos de economia sexy.
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