Muito mais de um milhão de portugueses nas avenidas, ruas e praças

Mesmo sem Facebook e outras coisas, o movimento sindical pôs na rua, em apenas cinco dias, mais de um milhão de pessoas em Lisboa (noutras cidades, como o Porto, foram igualmente impressionantes) celebrando o primeiro 1.º de Maio livre (1974) e que representou o decisivo impulso para a Revolução.
É que “havia organização e quadros capazes de apontar um caminho”, recordou Américo Nunes, dirigente sindical histórico da Intersincal, falando ontem à tarde, no Porto, na apresentação do livro “Contributos Para a História do Movimento Operário e Sindical – Das raízes até 1977”, de que é um dos autores.
As manifestações do 1.º de Maio tinham sido preparadas pela Intersindical num contexto de repressão fascista, por serem ilegais. Com o 25 de Abril, o movimento sindical reorganizou, de forma radical e com rapidez e eficácia extraordinárias, não só o tipo de iniciativas, mas também o seu conteúdo e a sua orientação estratégica, determinando consequências decisivas.
Logo no dia 26 de Abril, um conjunto muito importante de sindicatos (entre eles o dos Jornalistas), subscreveu um importante comunicado, proclamando a participação dos trabalhadores no processo revolucionário e apresentando, entre outras “reivindicações imediatas, fundamentais e intransigentes”, o 1.º de Maio como feriado, total liberdade sindical, fim à carestia de vida, aumento imediato de salários, instituição do salário mínimo nacional, redução do horário de trabalho semanal para 40 horas (em cinco dias), liberdade de reunião e associação, direito à greve e imprensa completamente livre e responsabilidade das redacções na orientação das publicações.
Hoje, porém, “há um enorme ataque do neoliberalismo, porque nós avançámos muito em poucas décadas”, disse, na mesma sessão, o secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, sublinhando a urgência de uma reflexão sobre a solidariedade, desde logo entre os trabalhadores, e de defesa dos direitos sociais, dos horários de trabalho, da segurança social e de outras conquistas dos trabalhadores.   

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