Nuclear "seguríssima", diz ele...

A Agência Lusa distribuiu hoje um telegrama com declarações do engenheiro Pedro Sampaio Nunes, administrador de uma empresa que, desde 2005, pretende construir uma central nuclear em Portugal, segundo as quais com a crise da central japonesa de Fukushima “ficou provado que (a energia nuclear) é seguríssima”.
Antecipando-se a garantias que nem a Agência Internacional de Energia Atómica consegue dar (“The situation at the Fukushima Daiichi plant remains very serious”, lê-se, logo a abrir, no comunicado do início desta tarde sobre o ponto de situação), o especialista ouvido pela Lusa garante que “a crise está controlada” e sustenta que “Fukushima é uma demonstração de capacidade, é uma ‘prova dos nove’”.
Depois de mencionar as já consabidas condições a que a central foi submetida, superiores àquelas para que foi projectada (resistência a terramotos de grau sete quando o de 11 de Março foi de grau nove e tsunamis com ondas de cinco metros, quando as desse dia foram de dez), como se não tivesse havido o pequeno problema da dramática falha no arrefecimento dos reactores desligados, acrescenta: “Se ainda assim conseguimos escapar sem uma fatalidade, é porque é (uma forma de energia) extremamente segura”.
 Não sendo especialista e estando longe de sê-lo, posso declarar que, infelismente, estamos ainda muito longe de garantir o que quer que seja em relação a fatalidades piores do que o que aconteceu até agora: uma vasta região evacuada, níveis muito elevados de radioactividade no ar, na água, nos solos e chegada já à cadeia alimentar e uma margem muito grande incerteza relativamente aos efeitos na saúde – imediata e futura – de milhões de pessoas.
Em suma, confirma-se que o nuclear é uma forma de energia ainda experimental. Com a agravante de ser experimental à escala humana.

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