Despedimentos rápidos, baratos e talvez indolores

Nenhum outro título dos jornais de hoje sintetiza a questão de modo tão cru, tão directo e tão claro como este do "Correio da Manhaã". O governo económico-político da União Europeia que comanda ferreamente os desígnios de Portugal não desiste. Despedir e flexibilizar é a palavra de ordem.
Fazendo de conta que discorda, o primeiro-ministro irritou-se ontem com a investida dos jornalistas sobre o assunto e veio assegurar solenemente: "O Governo vai tomar as medidas em diálogo com os sindicatos e os empresários de modo a melhorar as condições de regresso ao trabalho de todos aqueles que estão desempregados" (cito do "Público").
Que tome as medidas em diálogo (ou em obediência?) com os empresários, já se sabe que fará, como de costume, e é provável que talvez adopte algumas medidas para despedimentos não só rápidos e baratos, como preconiza a omnipotente Europa, mas também indolores, para que os trabalhadores se queixem cada vez menos. Mas que dialogue com os sindicatos, é coisa que não se prevê que faça. A não ser para fazer de conta. Vai uma aposta?
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