Clima: O bocadinho de optimismo de Cancún faz bem mas não cura
A Conferência de Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas terminou ontem em Cancún, no México, com um bocadinho mais de optimismo do que a fracassada cimeira do ano passado, em Copenhaga. Os resultados são manifestamente modestos. Sobretudo, falta um compromisso sério para o pós-Quioto, isto é, as metas a partir do fim da vigência deste instrumento de direito internacional que estabelece os limites regionais e nacionais das emissões de gases com efeito de estufa. E faltam metas concretas.
Num comunicado final, citado hoje pela Agência Prensa Latina, a secretária executiva da conferência, Christiana Figueres, considerou que a cimeira adoptou um pacote equilibrado de decisões que restauram a esperança em matéria de redução de emissões e colocam os governos do mundo numa postura mais firme, com um futuro mais baixo em emissões, sustentando mesmo que as delegações de 190 países (excepto a Bolívia, que votou contra) alcançaram em Cancún o que designou "a chama da esperança" para reavivar a fé no processo multilateral sobre alterações climáticas.
"A vontade política para uma acção vigorosa ainda não é suficientemente forte para uma resposta global adequada para fazer face à ameaça climática", adverte a organização ambientalista portuguesa Quercus, num comunicado datado de Cancún. Mas, acrescenta, "as acções nacionais mostram que os países reconhecem a necessidade e os benefícios de uma economia verde, e as conversações no quadro das Nações Unidas requerem essa confiança".
É o que veremos. Porque o optimismo, mesmo que seja em pequenas doses, faz bem, mas não cura.
Foto: Galeria de Imagens da Conferência de Cancún
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