Quando a indústria farmacêutica captura a liberdade negocial dos Estados

 

“Compreendo o seu desconforto, mas quando queremos comprar um produto que apenas uma entidade tem, ou aceitamos, ou não aceitamos.”

Estas palavras são da antiga ministra da Saúde, Marta Temido, numa das respostas ao PCP durante a audição, ontem, na Comissão Parlamentar de Inquérito imposta pela extrema-direita para averiguar um certo caso cuja causa essencial é o facto de um medicamento para uma doença rara custar perto de dois milhões de euros.

No essencial, Marta Temido confirmou o que o PCP tem vindo a denunciar neste inquérito: a opacidade na formação dos preços dos medicamentos, a falta de transparência e a submissão até dos Estados aos interesses comerciais da indústria farmacêutica.

“Temos necessidade de maior transparência sobre a formação dos preços”, reconheceu, notando adiante que “são aspectos que não estão resolvidos”, havendo mesmo, garantiu, “uma grande preocupação na União Europeia – de vários ministérios da Saúde – no sentido de mais transparência”.

No entanto, o mercado é o mercado… “É, sem dúvida, um tema complicado”, observou ainda, anotando que “há questões comerciais, gostemos ou não, que as empresas invocam” na negociação dos preços.

Só há mesmo um remédio: é subordinar os interesses comerciais ao interesse do bem comum.     

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