Urgente travar a militarização do flanco Leste e a escalada na retórica belicista

Foto: Sputnik / Ildus Gilyazutdinov

A escalada de provocações belicistas dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em Inglês) contra a Federação Russa conheceu, nas últimas semanas, uma intensidade rara, após anos de incremento da militarização do chamado flanco Leste da Europa, isto é, ao longo da fronteira com a Rússia, com a insistência de “rumores” segundo os quais a Ucrânia estaria em vias de ser invadida.

A “intentona” foi ao cúmulo de o governo fascista ucraniano ter “previsto” para hoje um “golpe de estado”, pretendendo pré-anunciar um atentado à sua soberania, numa retórica nada alheia ao facto de ter decorrido em Riga, na Letónia, uma reunião do Conselho do Atlântico Norte (órgão da NATO), ao nível de ministros dos Negócios Estrangeiros, dedicada precisamente dedicada à “situação” na fronteira russo-ucraniana.

Por expectável “coincidência”, a Ucrânia voltou a insistir no seu pedido de adesão ao bloco militar e a reclamar todo o apoio face à “ameaça” de Moscovo, a pretexto das manobras militares russas em “larga escala”, segundo a imprensa dominante, ao longo da fronteira.

Na reunião do bloco político-militar, pronunciou-se toda a sorte de ameaças contra a Federação Russa e a sua soberania – especialmente com sanções económicas e financeiras e políticas como jamais o Kremlin teria visto, para citar de memória o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que prometeu apoio à Ucrânia em caso de agressão russa.

A Polónia e os países bálticos voltaram a reclamar uma maior mobilização de meios militares da NATO para a região, que tem vindo a ser fortemente incrementada sobretudo desde que, em 2014, a Crimeia regressou à soberania russa após um referendo à população.

Reagindo ao tom e aos resultados da reunião de Riga, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, voltou a advertir os governos ocidentais para a “irresponsabilidade da expansão do dispositivo militar na fronteira e contra a concentração de “armas ameaçadoras” próximo de território da Federação.

Já anteontem Putin tinha avisado para o facto de estarem instalados sistemas antimísseis na Polónia e na Roménia, bem como sistemas de lançamento Tomahawk, norte-americanos, que representam uma séria ameaça à sua segurança, indicando que em resposta às ameaças da NATO contra a Rússia foi iniciado o desenvolvimento de armas hipersónicas.

Trata-se do míssil Tsirkon, já testado (foto) e em fase de produção para armar a Marinha russa no início do próximo ano, que será o primeiro míssil de cruzeiro do mundo de longo alcance (mais de mil quilómetros), capaz de atingir a velocidade de dez mil quilómetros por hora. A NATO já respondeu que juntará todas as suas forças contra o eventual uso desta arma.

A subida de tom na retórica belicista e as ameaças redobradas não são as melhores notícias nem para a estabilidade na região, nem para a Europa, nem para o Mundo e a intenção dos Estados Unidos de reforçar o envio de armas para a Ucrânia, onde parte da sua “defesa” está entregue a forças paramilitares fascistas contribui para agravar ainda mais as tensões.


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