Fronteira russo-ucraniana: cheiro a pólvora nos media

A "invasão" da Ucrânia pela Rússia já esteve agendada nos jornais há uma semana. Agora, perspectiva-se para o início de 2022. Tudo segundo fontes dos serviços secretos norte-americanos - quem haveria de ser?! Os media andam tão entusiasmados com o cheiro a pólvora que guardam escassa, para não dizer nula, distância em relação às mesmíssimas fontes que juravam a pés juntos ter provas irrefutáveis de que Saddam Hussein possuía um tenebroso arsenal de armas químicas e biológicas de destruição em massa para justificar as operações de invasão, derrube do Governo e ocupação do Iraque, em 2003.

A excitação é tão grande que a ênfase colocada na concentração de forças russas junto à fronteira com a Ucrânia é proporcional ao silêncio, ou pelo menos à desvalorização, em relação à crescente e ameaçadora escalada militarizadora do chamado flanco Leste da Europa pelos Estados Unidos e pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). Não, não é uma questão artificial de falsas equivalências: o agravamento da tensão na região tem responsáveis, comporta riscos muito sérios, mas tem também um caminho de retorno.

O foco está hoje na reunião por vídeo-conferência entre os presidentes russo, Vladimir Putin, e norte-americano, Joe Biden, esperando-se porventura algum desanuviamento. Por muito que diabolizem Putin, a verdade é que Biden não é exactamente uma pomba da paz e tem um plano de reafirmação do porder internacional dos Estados Unidos de que não vai largar mão.    
      

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