Diário Off (7)



Um fascista é um fascista. O Ventura que odeia ciganos e reclama a condução da "raça" a um redil sanitário é um fascista. O Ventura que foi politicamente construído pelo Correio da Manhã e pela CMTV a discutir crimes e futebol não quer que um futebolista - porque é cigano e não porque é futebolista - fale de política. Ainda por cima acha que Ricardo Quaresma tem especiais deveres de conduzir a sua "etnia". 

O Ventura é um merdas que cavalga a onda dos seus próprios regurgitados de ódio e raiva transformados em acontecimento. O Ventura é um fascista ao nível rasteiro das ideias rudimentares e simplistas que repete, de preconceitos ignorantes de que se nutre e alimenta o lumpen electrónico que o segue e o replica nas redes e nas comentários de comentários. 

O Ventura é um artistão dos media disponíveis e talvez gozosos das repercussões das suas boçalidades. O Ventura é a síntese dos esqueletos que a Direita guardou todos estes anos nos armários. O Ventura não vale um chavo, mas mete medo. O Ventura é o cabeça de cartaz, mas nos porões do Chega há muitos figurões à espera de vez. 

O Chega é mais perigoso ainda se não formos capazes de perscrutar com toda a atenção e de forma consequente, não o seu messianismo demagógico com que procura cativar os "descrentes da política" e o discurso de ódio com que pretende opor pobres contra pobres, explorando o pior da mesquinhez e da inveja que neles há, mas todos os sinais de desesperança e todas as evidências de que é possível e é muito urgente investir em toda a linha em medidas que garantam a distribuição justa da riqueza e combatam as desigualdades.

As notícias de hoje, confirmando que uma severa recessão está a atingir a Europa, não devem desanimar-nos; antes exigem medidas decisivas de investimento público e de aposta no relançamento dos sectores produtivos - da exploração equilibrada de recursos naturais à sua transformação sustentável, passando pela reindustrialização económica e ambientalmente sustentada e sustentável, pela reabilitação da agricultura e das pescas com o reforço da independência alimentar -, da valorização do trabalho e da defesa do trabalho com direitos, de aposta decisiva no bem-estar, no lazer e na cultura.


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