Diário Off (13)
S. Exa. o
Presidente da República foi almoçar, na Base Aérea de Maceda, em Ovar, com o
líder do seu partido, perdão, com o “exemplar” “líder da oposição e candidato a
primeiro-ministro”, o que quer que isso seja na Lei Fundamental que o deputado
constituinte Marcelo Rebelo de Sousa votou e que o actual chefe de Estado jurou
cumprir e fazer cumprir.
Da
aprendizagem política. Diz o jovem líder do CDS que é “absolutamente extemporânea
e até insultuosa” a discussão, nesta altura, da questão das eleições
presidenciais de janeiro de 2021, isto é, daqui a pouco mais de meia dúzia de
meses. Vai na linha de Marcelo, que acha que falar do assunto agora “é um
desperdício”.
Talvez não
seja uma prioridade e é certo que outras forças e outros campos se reservam
ainda para lançar, no momento e nas condições que considerarem oportuno, as
suas próprias iniciativas.
Mas a
adjectivação da aparente displicência sobre o tema com que a Direita – e com
ela alguns comentadores, analistas e jornalistas – nos tem brindado todos os
dias é uma manifestação muito preocupante de desrespeito pelos cidadãos.
Poderia
limitar-se a dizer que infelizmente não há grandes condições para reflectir e
falar sobre um assunto que é da maior importância e que a seu tempo se verá,
mas jamais depreciá-la daquela forma é um insulto aos cidadãos e um enorme
favor à extrema-direita.
O
primeiro-ministro anunciou um apoio de 30 milhões de euros destinados às
iniciativas culturais das autarquias em tempos de pós-confinamento. No Verão,
disse ele, falando em espectáculos. Há quem receie, contudo, que essa soma
há-de ser subtraída a outros programas do Ministério da Cultura, retirando-os a
projectos já aprovados…
Vamos a ver
como se repercute o apoio, somado às economias das câmaras municipais com a
suspensão de festas e romarias que financiariam, se traduzirá na efectiva
reanimação de projectos e companhias, orquestras e outras actividades de artes
de palco e da Cultura em geral, assim como nas condições de vida de inúmeros
músicos, actores, técnicos e muitos outros trabalhadores do sector da Cultura, impiedosamente
atingidos pela suspensão das manifestações culturais.
Façamos as
contas. Suponho que na generalidade dos casos de trabalhadores abrangidos pelo
regime de lay-off o valor do
reembolso do IRS (imposto sobre o rendimento de pessoa singular) é mais do que
absorvido pela perda de rendimentos em dois ou três meses de vigência desse
regime.
Conclusão: neste
ano, esses trabalhadores não têm de facto reembolso de IRS pago adiantadamente
a mais e ainda continuam a perdem rendimento.
PS: Continuo
muito perplexo com as reacções das empresas e grupos de comunicação social à
pelos vistos candente mas enganadora questão do “apoio” de 15 milhões de euros
à comunicação social. Prometo para breve um desenvolvimento sobre este assunto…