Prefiro o voto actual ao "voto preferencial"

Como se fosse o maior problema do país e da Democracia, alguns políticos e outros tantos politólogos afadigam-se a discutir soluções para "o problema" do sistema eleitoral.
Por um lado, há quem queira reduzir o número de deputados, já se calculando o resultado do artifício: a institucionalização do Bloco Central, fazendo de conta que um partido governa e o outro é oposição, alternando quando alternarem.
Por outro,  há quem defenda uma "solução" chamada "voto preferencial". Grosso-modo, a coisa funcionaria assim: o eleitor escolheria, consoante as modalidades disponíveis, os deputados da sua preferência entre as listas propostas pelos vários partidos ou, numa das variantes, entre os propostos pelo partido da sua preferência. Seria uma espécie de sufrágio "self-service"... Ainda hoje o "Jornal de Notícias" publica uma peça sobre o assunto.
A solução é proposta por um trio de académicos de nomeada mas não me convence, antes  preocupa-me. A ser instituído, significaria, além de uma estranha disputa fraticida  (se a escolha à-carta puder ser feita dentro de uma lista de um partido), a re-instauração do caciquismo.
Tratar-se-ia de um caciquismo de novo tipo, controlado não só por quem possui poder económico (próprio ou adquirido de financiadores terceiros), mas também pelo difuso poder de agendamento dos media, em benefício não necessariamente dos melhores candidatos, mas daqueles que mais visibilidade conseguirem e melhores "simpatias" colherem.
Aposto singelo contra dobrado que, se tal sistema funcionasse entre nós, jamais teriam sido eleitos muitos dos mais competentes e prestigiados deputados - já agora, de todas as bancadas - que o Parlamento português tem e já teve.
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