"Expresso & Avante!, Dois espelhos do mundo"

Agenda, sem falta, depois de amanhã.


Do prefácio:
“… o autor traça linhas de comparação/colisão de Jornalismo de Sistema e de Contra-Sistema. Os textos em que se busca a prova de vida desta tese incidem sobre exemplares do Expresso e do Avante!. Os números de observatório poderiam ser outros, já que todos transportam o código originário, o selo de compromisso. Os conteúdos são hierarquizados segundo uma Agenda de Interesses. Os balizamentos doutrinários ressaltam, por mais que se encene isenção. A declaração de imparcialidade é um truque estilístico do persuasor para vender o seu produto, para nos capturar nas redes ou circularidades sistémicas/anti-sistémicas. As compulsações conduziram-nos, página a página, imagem a imagem, a um discurso organizado para nos atrair/alistar.
O Expresso e o Avante! cumprem os seus papéis de reguladores do Espaço Público, com os meios que lhes foi possível ou permitido mobilizar nos campos de influência, no raio económico-social de cobertura. As vantagens sistémicas pendem para o Expresso: capacidade instalada, virtuosismo gráfico, cabaz de suplementos, publicidade selectiva, fontes do poder, audiência alargada. O Avante! é folheado em bastiões ideológicos e frentes de protesto. Exprime um idioma contracorrente na Babélia Mediática. No trânsito histórico, Expresso e Avante! têm protagonizado um conceito-paradigma de comunicação social, antes e depois do 25 de Abril, com a respectiva carteira de intenções e o correspondente contrato social: o Expresso (1973), na perspectiva de uma República da Iniciativa Privada; o Avante! (1931), na perspectiva de uma República da Iniciativa Pública. Daí que, no “antigo regime”, o Expresso, embora sujeito a Exame Prévio, fosse tolerado: representava uma diferença evolutiva da situação, enquanto o Avante! teve de ser produzido e distribuído na clandestinidade.
A História prossegue. O Expresso e o Avante! persistem, no séc. XXI, a doutrinação. O Expresso, como produto convicto de mercado, busca a sustentabilidade na componente comercial. O Avante!, como oferta de ruptura, não aceita condicionamentos publicitários. Merecem, cada um na sua margem, que nos debrucemos sobre as suas orientações e práticas. São dois intérpretes com plena noção dos seus papéis instru(mentais). São duas fábricas de leitores e de eleitores. De “leitura obrigatória” para não perdermos o pé nas encruzilhadas do mundo. São dois grandes e irreconciliáveis portugueses. O Expresso assinala 38 anos, o Avante! celebra 80. A melhor prenda de aniversário, numa Sociedade do Conhecimento sem tabus, seria que ninguém lesse o Expresso sem ler o Avante! e ninguém lesse o Avante! sem ler o Expresso. A literacia mediática alcançaria uma “coroa de glória” ou uma síntese democrática. Movidos por um espírito de Cidadania da Informação - convidamos os “prezados leitores” para um verdadeiro “Prós e Contras”. Martela o “marketing” que “ler jornais é saber mais”. Saber escrever também não seria dom menor. Saber ler também não seria má ideia.
Carecemos de um Plano Nacional de Leitura dos Média.”

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