E se o FMI vier...

É interessante observar as reacções das mais diversas personalidades da vida pública e mediática a este estranho jogo de cabra-cega entre a situação económico-financeira portuguesa e os "mercados internacionais" e as ambivalências pressentidas na avaliação do episódio de hoje, do leilão de obrigações da dívida pública portuguesa.
Sob a chantagem permanente da intervenção das instâncias financeiras internacionais (há quem insista em agitar o fantasma do FMI) e o discurso da inevitabilidade das medidas de austeridade, absolutizando o défice, muitas passam ao lado das questões essenciais. Por exemplo: quem e em vez de quem paga a crise; que medidas de fundo com efeitos a médio e longo prazo, como a aposta decisiva num aparelho realmente produtivo, devem ser tomadas em detrimento do imediatismo financeirista que nos comanda.
E é pena que haja quem salive (o seu a seu dono, a expressão é de Santos Silva) com a ameaça da intervenção do FMI. Mas é bom que todos ponham a mão na consciência, se ele vier, e que façam público acto de contrição pelas responsabilidades respectivas.
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