Notas de pré-campanha (6)
Segunda-feira – Os utentes do Hospital de Santo Tirso olham com interesse, mas sem novidade, os activistas da CDU que ali distribuem panfletos em defesa daquela unidade na esfera do Serviço Nacional de Saúde. Sabem que somos fiéis à causa de sempre e que somos os únicos a defendê-la. "É muito bom contar com o PCP, com a CDU. Já tinha estado nas vossas manifestações", ouvimos. A equipa percorre depois as principais ruas da cidade. Há gestos de simpatia. "É mesmo necessário dar mais força a quem defende o aumento do salário." Rima e é verdade. Nisto, estamos numa loja, é a energia eléctrica vai-se abaixo. A dona brinca "Às tantas foi por sua culpa!", estávamos justamente a falar-lhe das propostas da CDU para a defesa dos micro, pequenos e médios empresários, como a redução dos encargos com a energia… O famigerado apagão acompanha-nos nas tarefas de propaganda na Póvoa de Varzim, primeiro à porta do Hospital ("É bem preciso um novo, têm toda a razão!", escutamos); depois nas ruas centrais da cidade, primeiro encontrando lojistas ainda pacientes ("Já não bastava a falta de dinheiro, agora a falta de luz, mas o que vale é que a gente ainda pode ler estas propostas boas. Boa sorte, que bem precisamos!"), depois já desanimados com a falta de retoma do abastecimento. "O que se passará?" Não podemos especular, mas olhe que se a energia estivesse sob controlo do Estado, é provável que isto não estivesse a acontecer. "Sim, é capaz de ter razão…"
Terça-feira – O contacto com os feirantes e os clientes da feira de São Pedro da Cova, Gondomar, está a manhã a começar, vai encontrar as gentes ainda com o sentido no apagão da véspera e a estranha corrida aos supermercados. "Ó senhor, não se vende nada, não há dinheiro, o pouco que havia foi ontem para aquela maluqueira de esgotarem tudo das prateleiras! Tem algum jeito? Até parece que que vinha aí uma bomba atómica!" Adiante, uma mulher insta-nos: "Vocês é que nos têm de dar mais força para termos mais vontade de ir à luta!". Vamos a isso! Numa loja local, uma cliente interpela-nos com cepticismo: "Mas se aumentam os salários, depois aumenta tudo, ficamos na mesma…" Não tem de ser assim, porque podemos reduzir os encargos com a energia, com as telecomunicações, com as comissões bancárias, com os combustíveis… "Ah!" A jornada prossegue com o contacto com trabalhadores da Efacec, em Matosinhos, em troca de turnos. Melhor os salários, reduzir os horários, regular o trabalho por turnos e nocturno, defende a Efacec… "E desta que vão ter mais deputados?" Se o povo quiser… Mais palavra, menos palavra, o cumprimento repete-se à saída dos trabalhadores do Instituto de Segurança Social, no Porto. É preciso defender os trabalhadores da Administração Pública! "Por isso contamos com a CDU!" O dia acaba com uma excelente conversa, na Unicepe, subordinada ao tema "Mulheres – Direito à igualdade na vida e na lei, combate a todas as formas de violência", organizada pela Juventude DCU. Ao longo de 12 magníficas intervenções, foram tratados com grande seriedade e qualidade temas como a igualdade no trabalho e na vida, educação sexual, saúde sexual e reprodutiva, violência de género, pornografia, prostituição, entre outros.
Quarta-feira – Manhã cedo, com a chuva a ameaçar, contacto com trabalhadores da EDP na Boavista. Passos estugados, olhares concentrados, a mirar o edifício. Há gestos simpáticos na aceitação da propaganda da CDU. "Muito obrigado, vou ler com atenção." Um ou outro demoram-se um pouco mais, interessados nas breves conversas sobre as 16 propostas prioritárias para o distrito. A tarefa prossegue em vários centros comerciais, com o interesse habitual no aumento dos salários, a redução dos horários de trabalho e o encerramento das grandes superfícies aos domingos e feriados. "É isso mesmo, temos de mudar e temos quem nos defenda!"; "Acha que é desta?" Se a CDU tiver mais deputados, melhores serão as condições. "Era bem preciso…", suspira uma trabalhadora, sussurrando a confidência "Sou gerente de loja e ganho o salário mínimo…". A início da tarde, contacto com trabalhadores da empresa jornalística Notícias Ilimitadas ("Jornal de Notícias", TSF e "O Jogo" e outras publicações") que há pouco mais de um ano empreenderam uma luta exemplar em defesa dos seus postos de trabalho. A tarde segue com mais uma acção de contacto com trabalhadores e população numa grande superfície em Valongo, onde a CDU foi recebida com grande simpatia. "Vamos lá, vamos lá!" A jornada terminou com a magnífica sessão "Cultura é trabalho" que, no Porto, juntou criadores e artistas das mais diversas áreas.
Quinta-feira – O Dia Mundial do Trabalhador foi dos trabalhadores, com um magnífico desfile organizado pela CGTP – Intersindical Nacional na Baixa do Porto, que uma delegação da CDU foi saudar calorosamente.
Sexta-feira – Regresso às tarefas de pré-campanha. De manhã, uma acção de contacto e de saudação com os trabalhadores dos bares dos comboios da CP em greve – a 100%! – em defesa da aplicação do seu acordo de empresa, que a atual concessionária, a ITAU, recusa aplicar. À tarde, contacto com a população em Vila Nova de Gaia, apesar da chuva que teimava em atrapalhar. "Ó senhor, não estrague o folheto que faz bem falta ao povo!", ria uma mulher na paragem do autocarro. Num minimercado-pomar, o dono animava a freguesia: "Vamos lá todos a aceitar, para estarmos todos bem informados, vamos lá, vamos lá! Saber mais só faz bem!" Junto ao Centro de Emprego, abrigado sob as arcadas, há, arrumado e com o asseio possível, um colchão com a respectiva roupa de cama e uns quantos haveres. Uma mulher murmura: "É preciso dar solução a problemas como este". Um Plano de Emergência Social para responder a problemas como este é, justamente, uma das 16 medidas prioritárias já apresentadas pela CDU. "Fazem bem!"
Sábado – A feira semanal da Senhora da Hora, em Matosinhos, graúda e animada de gente ("Esta é das feiras que ainda vale a pena vir", afiança um comerciante.), é coisa para se percorrer com vagar e saborear a simpatia de feirantes e clientes. Esta senhora, por exemplo, que se cruzou connosco, teve esta fala amável quando, tendo aceitado o panfleto, lhe agradecemos o gesto: "Obrigada eu, por andarem aqui". Ou outra e outra adiante que, tendo começado por recusar o documento, voltaram atrás: "Ah!, é da CDU! Esse quero!" À tarde, uma magnífica sessão pública, no salão da Junta de Freguesia da Senhora da Hora, dedicada aos problemas – e às soluções! – do concelho de Matosinhos, da região do Porto e do país, caracterizada por um enorme ânimo.
Termina hoje a fase de pré-campanha eleitoral. Foram seis semanas de trabalho e contactos intensos. Amanhã, entraremos na fase oficial, mas com o mesmo ânimo.
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Foto da semana – Sinais. Um ponto de abrigo para uma pessoa sem abrigo mesmo à porta do Centro de Emprego de Vila Nova de Gaia
