Notas de campanha (10)
1 – A Avenida de Fernão Magalhães
é um dos principais eixos da cidade do Porto, apesar de um certo declínio do
comércio (“Não havendo dinheiro…”, nota uma senhora), que vive as exigências do
tempo presente. Um homem encara a equipa da campanha da CDU com simpatia, passa
os olhos pelo panfleto: “Não sou do comunismo, sou do capitalismo, mas vocês
são lá precisos – qie tenham muitos votos!” Um casal francês mostra curiosidade
quanto à orientação da candidatura: “De direita ou de esquerda?” De esquerda, com
certeza – comunistas, verdes, democratas sem filiação… “Ah!, nós também; e
então nesta altura os comunistas fazem muita falta na Europa!”. Numa loja, uma
mulher interessa-se pelo tema da habitação. Doem-lhe na pele a infâmia de 850 euros
por um quarto para ficar com os dois filhos. E “o senhorio não passa recibo,
diz que não é de lei…”
2 – Em Campanhã, na passagem
entre a estação ferroviária, as paragens de autocarros e a estação do Metro, a
CDU monta uma mini-sessão sobre mobilidade e transportec colectivos. Candidatos
e activistas passam em revista as propostas e avanços alcançados pelo PCP e
pelo PEV e que é necessário reforçar. Salienta-se a conquista do passe/cartão
intermodal conquistado depois de se ter porfiado durante 20 anos. A palavra “Andante”
soa familiar a quem passa. Instintivamente, um jovem leva a mão ao bolso, o
cartão emerge como num assentimento, num apoio discreto.
3 – A senhora vai tocando o comércio
de roupas e miudezas como pode, consoante as posses da clientela. “Vai-se
vendendo, sabe como é, isto não é prioritário, prioritário é comer.” E mesmo
assim, as pessoas vão escolhendo mais. “Se antes era ao quilo, agora é uma
banana, duas maçãs…” Ou em vez de cinco pares de meias, levam três, não? “Um
par, se tanto! Não há dinheiro e se há não chega ao fim do mês”. Lá está,
aumentar os salários em pelo menos 150 euros e as pensões em pelo menos 70 – “e
não chega!” É preciso dar mais força à CDU! É a mensagem que corre agora nas
ruas do Bonfim. “Ah!, se o meu pai pudesse estar aqui com vocês!”
4 – A tarde vai acabar com desfile animado entre o Monde dos Burgos e o Padrão da Légua, concelho de Matosinhos. Nos passeios e nas lojas, sorrisos brindam as propostas da CDU. “É bom, vamos ver…” Não podemos esperar para ver, é melhor decidir. Uma jovem mãe desespera com o menino. Não, não está na creche. “Não teve vaga.” Por isso é que defendemos uma rede pública, para que todas as crianças tenham um lugar – é um direito de todas. “Ainda bem!” Depois das intervenções no final do desfile, junto ao monumento ao “Barbeiro guitarrista”, a “comitiva” da CDU canta a Grândola Vila Morena. Sentada à distância num banco de pedra do largo, uma senhora idosa acompanha a música. Uma camarada convida-a a juntar-se a nós. Os olhos brilham de alegria quando acaba. “É a CDU! É mesmo a CDU, o meu partido! No domingo não me esqueço.” Ninguém deve ficar só.