Notas de campanha (3)
1 – “Estava a ver que não vinham! Preciso de ter informação
para poder votar!” Bem-disposta, em plena confeitaria, a senhora reclama o
panfleto, mal dá conta da entrada da equipa de campanha da CDU que vai
percorrer várias ruas em Vila do Conde. No contacto com comerciantes e
população, valorizamos as principais prioridades – aumentar os salários e as
reformas… “Ora, não pode ser só para os trabalhadores; o meu marido, que é um
micro-patrão, também, precisa…”, corta outra senhora, à porta de uma loja. E
não está esquecido: a CDU propõe a redução dos custos com a electricidade, os
terminais de pagamento, as telecomunicações, alargar o IVA de caixa – e há
mais... “Bem, isso é bom, vocês também precisam de estar lá!” À saída de um
supermercado, uma jovem auxiliar de geriatria larga um riso de dúvida quando
lhe falamos do aumento dos salários e redução do horário de trabalho. “Era bom,
era, mas não é possível…” Com os trabalhadores unidos a lutar e os deputados
eleitos pela CDU a propor…
2 – Ao meio-dia, é a hora de saída para almoço dos trabalhadores
da fábrica de conservas Gencoal. Avançam para o portão a passadas rápidas,
gesto breve a tomar o desdobrável, cumprimento sumário, mas cordial. Sabem quem
somos, que temos estado a seu lado, a apoiá-los contra a injustiça do
despedimento colectivo que há um ano abrangeu uma centena de trabalhadores, e a
denunciar o truque do recente recrutamento de novos contratados, em vez de
readmitir os “dispensados”. A CDU sempre com os trabalhadores. “Bem sei!”,
ouvimos de repetidas vozes. Parece um eco solidário. Ao início da tarde, numa
fábrica de chocolates, sai o turno da manhã para o descanso. Passo estugado,
cansaço nos olhos, os sorrisos possíveis, escutam as propostas. Aumentar os
salários, reduzir os horários, regular o trabalho por turnos. “Será?! Era bem
preciso…”
3 – No Cais do Ouro,
no Porto, avista-se a Afurada, em Gaia, e a saudade do barco da travessia do Douro
que não regressa desde Novembro de 2020. Intenções, promessas de estudos, já vogaram
por ali e pelos salões dos poderes, mas não foram longe. Se fosse para dar
lucros chorudos a alguém, já tinham zarpado. Nesta tarde, lá estivemos, numa tribuna pública, a reiterar o compromisso de defender a retoma da ligação fluvial entre
as duas margens, integrada no sistema público de mobilidade da Área Metropolitana
do Porto e operada pela STCP. No final da acção, um homem aproximou-se, deixou as suas opiniões e sugestões e murmurou: "Não sou comunista, mas desta vez vou votar na CDU".