Notas de campanha (8)
1 – “Olhe, na Covid, também
estivemos condicionados e ninguém morreu!” A trabalhadora numa loja do centro
comercial ViaCatarina acolhe com visível agrado o panfleto hoje dirigido especificamente
a quem ganha a vida nas grandes superfícies “Tempo para viver – Regular os
horários de funcionamento dos estabelecimentos comerciais”. E em Espanha,
Bélgica, França… estão encerrados a partir das 13 horas de sábado e ninguém
morre. “Pois não, pois não!” Noutra loja, o trabalhador tropeça numa adversativa
do cepticismo: “Isso era bom, era, mas…” Podemos conseguir, com mais deputados
da CDU para influenciar as decisões. Somos da CDU… “Boa!” – e estende a mão
sobre o balcão para um cumprimento efusivo – “No domingo, é o meu voto de
sempre!” Para a trabalhadora, o encerramento das grandes superfícies aos
domingos e feriados não é uma luta nova: “Já assinei várias vezes os
abaixo-assinados, assinarei as vezes que forem precisas”. “Sim, é boa ideia, bem
gostava de estar com o meu marido e o meu filho, vamos ver…”, diz outra. Não
podemos ficar à espera para ver, no dia 18 podemos decidir. Um jovem pai
enrola, indeciso, o documento. “Isso era bom, mas, por outro lado, trabalhando
aos domingos e feriados ganhamos mais…” Ora então, se juntarmos ao salário o
que ganha nos domingos e feriados, não é melhor? “Como assim?” O que defendemos
é o aumento dos salários, a redução dos horários de trabalho (para 35 horas
semanais, sete diárias), regulação do trabalho nocturno e por turnos,
encerramento do comércio ao domingo e feriados – não é justo? “Sim, claro que é!”
E conteve o punho que ia levantar (há câmaras nas lojas…).
2 – A campanha da CDU na região
do Porto incidiu hoje em vários centros comerciais, nomeadamente o ViaCatarina,
Parque Nascente, MiraMaia, Outlet de Vila do Conde, Alameda, GaiaShopping, El
Corte Inglés, NorteShopping, MarShopping, ArrábidaShopping, MaiaShopping e
Ferrara Plaza. Centrou-se na valorização, pela CDU, das justas reivindicações
dos trabalhadores nas lojas de diversos sectores de actividade existentes naqueles
espaços, mas também nos supermercados, como o aumento dos salários, a redução
dos horários (sete horas diárias), a regulação do duro trabalho por turnos, o
combate à desregulação dos horários de trabalho (atinge 75% dos trabalhadores
do país), a garantia de dois dias consecutivos de descanso, que devem ser, por
regra, ao sábado e domingo, a proibição da abertura aos domingos e feriados. Embora
dirigida aos trabalhadores, a acção foi bem acolhida por clientes, que pediam o
panfleto e se interessaram pelo seu conteúdo. Isto vai!