Notas de campanha (2)

1. O casal aproxima-se da “brigada” de distribuição de propaganda. Ele, carrancudo; ela, com ar simpático. Estendo o documento na sua direcção. Ele recusa-o com um gesto agreste e imperativo. “Não!”, vinca, voz brusca. Ela suspende o passo, estende a mão bem aberta. “Por favor, eu aceito”, disse, voz firme sem alterar o tom claro. Ele rosnou qualquer coisa que me pareceu ser algo como “não devias aceitar” e foi a ruminar pelo passeio fora. Infelizmente, a cena não é nada nova e já narrei semelhantes em notas de outras campanhas. Mas a voz desta mulher soou-me mais límpida e mais decidida do que outras que ouvi antes. Isto vai!

2. Para dizer a verdade, a maior parte das pessoas que abordamos nas ruas, nas lojas e nos cafés acolhe-nos em geral com simpatia e deixa-nos quase sempre com uma palavra amável. Ainda hoje um senhor me disse ter-me visto no debate do Porto Canal e ter gostado do que me ouviu. “Gostei do que propõe, vamos a ver se consegue, mas gostava de desejar-lhe muito boa sorte”, disse.

3. Ao contrário de outras candidaturas, a CDU não oferece brindes, mas é frequente a pergunta “Não têm uma canetinha?”. Hoje, num escritório de porta aberta para a rua, uma senhora declinou a oferta do nosso documento com o programa e a composição da lista depois de o abrir por instantes. “Ah!, julguei que era um calendário… Ainda se fosse um calendário!” E devolveu-o.

4. As ruas do concelho da Maia são um impressionante catálogo de obstáculos à circulação, nos passeios, de pessoas de mobilidade reduzida. Ainda não tinha visto nenhum como o que abaixo vai ilustrado, em plena Cidade da Maia (Altos).

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