Homenagem a Nuno Grande

É assim que vamos ficando mais pobres.
Hoje, morreu o Professor Nuno Grande. Tinha 80 anos e uma vida muito cheia e muito intensa. Como médico, como cientista, como pedagogo e, sobretudo, como cidadão inteiro. Fazia jus à memória, ao exemplo, às acções consequentes e à coerência daquele que foi o patrono da sua escola, Abel Salazar, cujo lema "Um médico que só sabe medicina nem de medicina sabe" dominou, numa larga legenda, o átrio do Instituto de Ciências Biomédicas (já lá não vou há que tempos, não sei se ainda existe depois das remodelações).
Tendo tido o privilégio de ouvi-lo tantas vezes discorrer, ora sobre a evolução da Medicina e das ciências médicas e as suas respostas às necessidades e anseios da Humanidade, ora sobre a própria natureza desta actividade discutindo o problema de saber se a Medicina é uma ciência ou uma arte, ora sobre as exigências de saber universal, disponível e tolerante que impendem sobre o médico; 
tendo acompanhado entusiasmantes e proveitosas visitas à Casa-Museu Dr. Abel Salazar (cientista insígne, perseguido pelo fascismo*, artista plástico de vulto mas que receio esquecido); 
tendo testemunhado o seu empenhamento intelectual e cívico em diversas causas, destacando, de entre estas, a dinamização desse importante movimento ibérico (essencialmente) de universitários por uma Nova Cultura da Água, em defesa da sustentabilidade dos recursos,
presto homenagem ao homem, ao cientista e ao cidadão de corpo inteiro.      

* Aos que visitem a Casa-Museu, recomendo vivamente que atentem numa enorme fotografia que documenta o momento em que Abel Salazar, expulso da Universidade pelo ditador António de Oliveira Salazar, empilha numa carroça os seus "frascos" e utensílios do laboratório
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