A capitulação parlamentar explicada por jovens deputados

Acabo de ver, no Porto Canal, num interessante de debate político que se apresenta sob o título "Parlamento Regional", conduzido com a pachorra provocatória de Fernando Tavares, dois jovens deputados da ainda maioria parlamentar explicar a capitulação da Assembleia da República sob as botas "dos nossos credores".
Além de termos perdido a "nossa soberania fiscal", explicavam os jovens parlamentares, "é óbvio" que o Governo tem de "negociar com os credores externos" (óbvio eufemismo que significa submeter à aprovação prévia) medidas como as alterações à TSU ou as alternativas às ditas alterações. Tudo coisa normal, asseveram os moços, dando ares de extensa experiência nos negócios parlamentares.
E, pondo um ar sério, suponho eu que acreditando piamente no que afirmavam, os deputados Amadeu Albergaria e Michael Seufert lá vieram observar que a única coisa inédita - pasme-se! - é que o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, se terá permitido ser ele a anunciar que a dita comissão "já aprovou as medidas alternativas que o Governo apresentou para compensar o recuo nas mudanças na Taxa Social Única", conforme noticiou a Agência Lusa.
Dito por outras e mais directas palavras: os senhores deputados estão-se nas tintas para a ostensiva  violação do princípio do escrutínio democrático dos actos do Governo pela via parlamentar, desde que a coisa não dê nas vistas, que não se saiba, que não soe nada cá para fora...
Honra, dignidade, independência nacional e coisas assim nada lhes dizem, pois não?
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